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Virada Cultural em São Paulo tem público de 4 milhões
18/04/2011 | 07:48
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Mais de quatro milhões de pessoas de diferentes tribos, gerações e classes sociais se misturaram neste fim de semana no centro de São Paulo na 7ª Virada Cultural. Em noite de lua cheia e dia de sol, o evento apresentou 24 horas de atrações variadas, desde as 18 horas de sábado. O sambista Paulinho da Viola encerrou a maratona de shows, às 18 horas deste domingo, na República.

Houve problemas localizados na madrugada. Segundo a Prefeitura, uma pessoa caiu do Viaduto Santa Ifigênia às 3 horas A Polícia Militar trabalha com hipótese de suicídio. Outra pessoa foi ferida a faca em briga de punks e skinheads às 2 horas na Praça Julio Prestes - o encontro que vinha sendo marcado pela internet desde a semana passada.

De maneira geral, no entanto, segundo o coronel Neroval Bucheroni, subprefeito da Sé, houve menos ocorrências policiais do que no evento do ano passado. A fiscalização contou com mais de 1.200 homens, somados aos 2.800 da Polícia Militar. "Atuamos principalmente para evitar a venda de bebidas por ambulantes. Com menos gente bêbada, houve menos confusão", disse Bucheroni.

Apesar do esforço na repressão ao álcool, contudo, na madrugada eram vendidas garrafas de vinho químico por R$ 5. Segundo o Instituto Adolpho Lutz, que analisou a bebida, foi detectado 96% de teor alcoólico no produto. No domingo, foram aprendidas 28 toneladas de mercadorias de camelôs - 80% eram vinho barato.

Principalmente ao amanhecer, foi possível ver lixo amontoado nas ruas, que foi sendo recolhido no decorrer do dia. Até o meio dia, os 3.300 funcionários da limpeza haviam coletado 140 toneladas de lixo, sendo 10 toneladas de restos a reciclar.

AMANHECER

"Um vagabundo como eu também merece ser feliz." A letra de Giramundo parecia sob medida para dezenas de sem-teto que dançavam no Largo do Arouche, cada um em um ritmo diferente, carregando sacos de latinhas de cerveja amassadas e cobertores. Às 13 horas, era com o som do decano grupo jovem-guardista Os Incríveis que se acordava, definitivamente, uma São Paulo que ainda se espreguiçava nas praças do centro, após uma noite inteira de Re-Virada Cultural.

É de manhã que a gente vê a cara da Virada. Dois hippies que vendem brincos de pena de pavão abraçam efusivamente uma senhora de cabelo vermelho que anda pela Avenida São João segurando uma plaqueta: Camping Simplão. A garota com o pastel pingando óleo quente arrasta a mãe pelo meio da plateia. Um rapaz com um louva-a-deus no chapéu entrega cuidadosamente sua lata de cerveja ao velho, que o agradece fraternalmente.

Foi uma jornada memorável noite adentro. No Largo do Arouche, os anos 1980 pareceram reviver na madrugada com Ritchie e Marina Lima. Quando Ritchie tocou "Menina Veneno", regeu o maior coral humano da Virada. Do Arouche ao Minhocão, todos pareciam cantar. A duas quadras dali, na Alameda Barão de Limeira, o asfalto virava sertão com Anastácia, Dominguinhos, Flávio José, Almir Sater e Genival Lacerda - o maior salão de baile da Virada. Aos 70 anos de idade, 56 de forró, Anastácia aproveitou para fazer um contundente discurso contra a discriminação aos nordestinos.

‘BEYONCÉ' DA VIRADA

Ela chegou com pique de Beyoncé do Pará, às 6 horas, ao palco Barão de Limeira. Cantou para 200 pessoas que também não davam sinais de cansaço. O tecnobrega de Gaby Amarantos só não foi mais poderoso que o próprio visual. De roupas coladas, deixou os seios à mostra e falou sobre as comparações que fazem de seu estilo com o da cantora americana Beyoncé. "Ela é maravilhosa. Mas eu amo ser a Gaby Amarantos."

BATERIA

Criar a maior bateria do planeta. Foi com essa promessa que o sambista Leandro Lehart chegou ao palco República por volta das 14h30 deste domingo para ser acompanhado por 1.043 percussionistas. Detalhe: todos esses percussionistas estavam na plateia. Nunca se viu cena parecida em Viradas anteriores. No palco, cavaquinho, bandolim e violão puxavam sambas enredo das escolas do Grupo Especial de São Paulo, como Gaviões da Fiel e Leandro de Itaquera. Os ritmistas vibravam tocando seus instrumentos. Não se sabe ainda se foi a maior reunião de percussionistas em um único show, mas é bem provável.

O único desacerto foi com relação ao delay - efeito que retarda o som que sai do palco e chega ao público. Isso fez com que alguns percussionistas se atrapalhassem na condução dos ritmos. Mas pouca gente parecia se importar. Cenas de famílias com crianças nos ombros eram comuns. E uma das imagens que fica da Virada é esta acima, com surdos e tamborins erguidos.




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