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MTST invade novo terreno público em Santo André
André Vieira
Do Diário do Grande ABC
25/05/2010 | 07:28
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O terreno é novo, mas a história se repete. A Prefeitura de Santo André estuda entrar com pedido na Justiça de reintegração de posse da área ocupada pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) no bairro Cidade São Jorge.

Ao contrário do que dizem os coordenadores da ocupação, o espaço escolhido pelo grupo para montar o novo acampamento, desde o fim de semana, também pertence ao município.

O local fica atrás da área que o MTST ocupou de 8 de maio até ontem, quando foi realizada ação de reintegração de posse. Para evitar a destruição do antigo acampamento, o grupo migrou para terreno vizinho.

A área anterior possui cerca de 40 mil metros quadrados e está encravada entre o aterro sanitário de Santo André e o Parque do Guaraciaba. No terreno, a Prefeitura pretende montar um centro de reciclagem de lixo.

O novo espaço tem cerca de 26 mil metros quadrados e está localizado em região ainda mais íngreme e mais perto da divisa com Mauá. "Vamos permanecer aqui e continuar a negociação para viabilizar as moradias para os sem-teto", afirmou o líder do MTST, Guilherme Castro Boulos.

A coordenação do movimento apresentou ontem documento atualizado informando que o terreno pertence à "Comunidade dos Adquirentes da Gleba Denominada Cidade São Jorge" desde março de 1998.

Muitas das famílias desistiram da mudança e, de cerca de 600 barracos da base anterior, não mais do que 100 sobrevivem no novo endereço.

Apesar da diminuição da população, o movimento acredita que a ocupação deverá crescer nos próximos dias.

Como o novo terreno não estava contemplado na ação de reintegração de posse executada ontem, os barracos que estão sendo construídos na área não sofreram qualquer intervenção da Justiça ou da Polícia Militar.

A administração garante que a saída do MTST dos terrenos públicos não interrompe as negociações com os órgãos federal e estadual para viabilizar a construção de casas populares.

O líder do MTST fez ontem ameaça à Prefeitura de Santo André e, sem meias palavras, declarou guerra à administração. "Estamos encurralados no alto do morro, não temos mais para onde ir e não vamos sair. Se a Prefeitura quiser guerra, vai ter guerra", afirmou Boulos.

SEM INCIDENTES - A reintegração de posse do terreno transcorreu pacificamente na manhã de ontem. Como os sem-teto haviam deixado o local, só coube à Justiça autorizar a derrubada dos barracos vazios que estavam em pé.

A operação teve início às 6h45, com a chegada da Polícia Militar. Entre soldados e bombeiros, 133 homens foram deslocados para acompanhar os trabalhos do oficial de Justiça e da Prefeitura de Santo André, que mobilizou 30 guardas-civis.

Comandante da operação, o major Enéas Alberto de Carvalho contou que planejava trabalhar com efetivo maior, mas, como a área já estava parcialmente desocupada e não havia risco de confronto, reduziu o efetivo após vistoriar o local no domingo.

Enquanto o trator da Prefeitura abria caminho no terreno, alguns sem-teto aproveitaram para recuperar as lonas mais grossas e pedaços de pau para reforçar a estrutura das moradias no novo acampamento.




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