Setecidades Titulo Há três anos
Marcas permanecem em vítimas de explosão de academia na Pauliceia

Apesar de acordos firmados, caso segue em aberto na esfera criminal

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
19/05/2017 | 07:13
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Denis Maciel/DGABC


Três anos após explosão de academia no bairro Pauliceia em São Bernardo, as marcas permanecem nos envolvidos. A tragédia deixou dois mortos e dez feridos e casas danificadas. Apesar de acordo firmado em ao menos cinco processos por danos morais com a Tem Esportes, o caso permanece em aberto na esfera criminal.

No local, sobrou apenas terreno vazio, fechado com muro alto. Também é possível ver placa de ‘vende-se’. Em 2015, o espaço foi alvo de reclamações dos moradores por ter virado ponto de descarte de entulho.

A psicóloga Ideli Amaral dos Santos, 66 anos, uma das vizinhas ao local, ainda não chegou a acordo com os responsáveis pela academia. Entre os motivos está o aparecimento de rachaduras em razão de obras realizadas pela academia na casa dela, como contrapartida pelo acidente. “Eles fizeram maquiagem, não arrumaram direito. O desgaste emocional foi grande. Além disso, perdi cerca de R$ 80 mil com a obra”, disse. Ela estava em casa com o neto no momento da explosão decorrente de vazamento de gás. Pensou, inclusive, em vender a casa. “Foram muito sofridas a explosão e a demolição (que terminou em setembro do ano passado).”

Conforme o advogado Eduardo Veríssimo Inocente, que também defendeu outras cinco vítimas (que chegaram a um acordo), o caso ainda não foi julgado em primeira instância. “Ela (Ideli) preferiu esperar a sentença, independentemente de ser valor maior ou menor ao (valor) do acordo.”

A nutricionista Camila Regiane Pardim, 27, chegou a um acordo com a Tem Esporte no ano passado. Ela é filha do torneiro mecânico Marcos Aparecido Pardim, 50, que morreu após ser atingido pelos escombros quando estava estendo roupas no quintal. “É vida que segue, mas nada pagaria uma vida, ainda mais a do meu pai. Eles arrumaram a casa, mas está cheia de problemas. Tem diversas rachaduras e, quando chove, a água não tem saída para o quintal.”

Atualmente, ela não mora mais no local por conta das lembranças – relatou ter ficado depressiva após a morte do pai. “Aprendi que a vida das pessoas não vale nada. Tinha perdido minha mãe havia dois anos, não passo mais naquela rua e não frequento a casa, onde mora a minha irmã. Lembro que quando explodiu, eu estava subindo a rua e vi a casa toda no chão, e meu pai caído. Pensei que ele ainda estivesse vivo.”

A Prefeitura de São Bernardo informou que a certidão de demolição do imóvel foi expedida em 2015 e que a situação está regularizada. “Não consta projeto de construção aprovado para o local.”

A equipe de reportagem do Diário tentou contato com a Tem Esportes, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

O processo criminal não apontou ainda culpados pela explosão. Além de Pardim, o acidente provocou a morte da professora de natação Helne Boriczeski Alves, 26, funcionária do local.
 




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