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MP vai rastrear contas com CPF falso de executivo do BC
Do Diário do Grande ABC
10/07/2000 | 09:59
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O Ministério Público Federal vai rastrear duas contas bancárias abertas com CPF falso em nome do executivo do Banco Central (BC) Adilson Teles de Oliveira, na agência 3068 do Bradesco, em Valença, no interior da Bahia. As contas foram descobertas pela viúva do funcionário do BC, a professora de literatura Vera Lúcia de Barros Pereira e Oliveira, durante viagem ao município baiano, em 1998, para verificar a existência de um possível homônimo de Adilson.

A Procuradoria da República quer saber se as contas foram movimentadas após o assassinato do funcionário do BC, em 1991, num suposto assalto jamais esclarecido. Segundo denúncias da viúva, Adilson estaria envolvido num esquema de venda de informaçoes privilegiadas e favorecimento, movimentando dinheiro de propinas através de contas abertas com cadastros de pessoa física (CPFs) falsificados.

Sem homônimo - A professora recebeu, numa carta anônima, uma listagem com quatro CPFs de seu marido em 1996, mas só meses depois relacionou os documentos a possíveis irregularidades cometidas por Adilson. Munida da lista e disposta a tirar a limpo se os outros três cadastros que constavam no bilhete eram falsos ou apenas de homônimos, Vera viajou até Valença, cidade localizada a 272 quilômetros de Salvador. Lá, verificou que no endereço registrado no CPF - Praça da Independência nº 22 - jamais morou nenhum Adilson.

Em seguida, Vera procurou a agência do Bradesco da cidade e lá, após apresentar ao gerente uma procuraçao de inventariante do espólio de Adilson, obteve a informaçao de que naquele CPF, com o nome de seu marido, havia duas contas correntes ativas. Segundo informaçoes obtidas com o banco, as contas teriam que apresentar saldo superior a R$ 20 para nao serem consideradas inativas. Mesmo sem movimentaçao, as contas teriam sofrido a incidência de tarifas mensais, entre 1991 e 1998. Caso estivessem zeradas ou com saldo insuficiente, seu encerramento viria automaticamente em no máximo seis meses. ``Como inventariante, descobri as contas, mas nao consegui saber o saldo. Isso, segundo o gerente, eu só poderia ter com autorizaçao judicial', disse Vera.

A viúva de Adilson suspeita ainda que o marido mantinha conta no Citibank com um dos CPFs falsos. Segundo Vera, a secretária do funcionário do BC, Júlia Elisa Lobo de Souza Santos, que após o crime se tornou amiga da família, sugeriu que ela procurasse o banco, já que grande parte dos executivos do Banco Central era correntista da instituiçao financeira americana.

De acordo com Vera, um gerente do Citi, identificado apenas como Cunha, vasculhou o sistema do banco e informou que, no CPF informado pela viúva - que, na ocasiao, ainda nao tivera conhecimento dos cadastros falsificados -, nao havia nenhuma conta ou cofre. ``Ele entao me desaconselhou a continuar procurando contas no nome do meu marido, dizendo que eu tinha ficado com uma boa pensao e falou para eu me cuidar. Fiquei muito assustada', afirmou Vera, que, depois de receber a listagem com os CPFs falsos, nao voltou mais ao Citi.

Adilson chefiou a Divisao de Administraçao do Selic (Sistema Especial de Liquidaçao e Custódia), serviço que registra operaçoes feitas entre os bancos envolvendo títulos públicos federais, até ser assassinado com um tiro no coraçao em janeiro de 91. Há dois meses, o inquérito policial que apura o crime foi desarquivado.




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