A Procuradoria da República quer saber se as contas foram movimentadas após o assassinato do funcionário do BC, em 1991, num suposto assalto jamais esclarecido. Segundo denúncias da viúva, Adilson estaria envolvido num esquema de venda de informaçoes privilegiadas e favorecimento, movimentando dinheiro de propinas através de contas abertas com cadastros de pessoa física (CPFs) falsificados.
Sem homônimo - A professora recebeu, numa carta anônima, uma listagem com quatro CPFs de seu marido em 1996, mas só meses depois relacionou os documentos a possíveis irregularidades cometidas por Adilson. Munida da lista e disposta a tirar a limpo se os outros três cadastros que constavam no bilhete eram falsos ou apenas de homônimos, Vera viajou até Valença, cidade localizada a 272 quilômetros de Salvador. Lá, verificou que no endereço registrado no CPF - Praça da Independência nº 22 - jamais morou nenhum Adilson.
Em seguida, Vera procurou a agência do Bradesco da cidade e lá, após apresentar ao gerente uma procuraçao de inventariante do espólio de Adilson, obteve a informaçao de que naquele CPF, com o nome de seu marido, havia duas contas correntes ativas. Segundo informaçoes obtidas com o banco, as contas teriam que apresentar saldo superior a R$ 20 para nao serem consideradas inativas. Mesmo sem movimentaçao, as contas teriam sofrido a incidência de tarifas mensais, entre 1991 e 1998. Caso estivessem zeradas ou com saldo insuficiente, seu encerramento viria automaticamente em no máximo seis meses. ``Como inventariante, descobri as contas, mas nao consegui saber o saldo. Isso, segundo o gerente, eu só poderia ter com autorizaçao judicial', disse Vera.
A viúva de Adilson suspeita ainda que o marido mantinha conta no Citibank com um dos CPFs falsos. Segundo Vera, a secretária do funcionário do BC, Júlia Elisa Lobo de Souza Santos, que após o crime se tornou amiga da família, sugeriu que ela procurasse o banco, já que grande parte dos executivos do Banco Central era correntista da instituiçao financeira americana.
De acordo com Vera, um gerente do Citi, identificado apenas como Cunha, vasculhou o sistema do banco e informou que, no CPF informado pela viúva - que, na ocasiao, ainda nao tivera conhecimento dos cadastros falsificados -, nao havia nenhuma conta ou cofre. ``Ele entao me desaconselhou a continuar procurando contas no nome do meu marido, dizendo que eu tinha ficado com uma boa pensao e falou para eu me cuidar. Fiquei muito assustada', afirmou Vera, que, depois de receber a listagem com os CPFs falsos, nao voltou mais ao Citi.
Adilson chefiou a Divisao de Administraçao do Selic (Sistema Especial de Liquidaçao e Custódia), serviço que registra operaçoes feitas entre os bancos envolvendo títulos públicos federais, até ser assassinado com um tiro no coraçao em janeiro de 91. Há dois meses, o inquérito policial que apura o crime foi desarquivado.
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