Embora considerada a primeira santa brasileira, Madre Paulina nasceu na Itália, em 1865 (leia reportagem nesta página). O processo de canonização pode ser concluído graças a um dos milagres atribuídos à religiosa, em agosto de 1966, no Hospital São Camilo, em Imbituba (SC). Uma mulher desenganada por médicos curou-se após fazer uma promessa.
Em julho do ano passado, o papa promulgou o decreto que reconhece o milagre atribuído à Madre Paulina. O processo foi baseado na história de Iza Vieira de Souza, nascida com má-formação cerebral em 1992, apresentou crises convulsivas e parada cardiorrespiratória. A menina foi colocada em um balão de oxigênio. Religiosos, os pais temiam por sua morte e batizaram a menina no hospital. Seu quadro clínico se modificou até a cura. Madre Paulina foi considerada responsável, porque a avó materna de Iza, Zaira Darub de Oliveira, pediu o milagre à religiosa.
O processo de canonização durou 48 anos, entre a elaboração da biografia (1954), exumação do corpo da religiosa (1967), remessa do processo a Roma (1983), declaração de ‘venerável’, dada à Madre pelo Vaticano (1987) e beatificação (1991).
“Sou devota de primeira hora. Tive uma suspeita de câncer que foi desfeita num segundo exame, devido à Madre Paulina”, disse a professora aposentada Maria José Pereira, 52 anos, moradora do bairro Casa Branca, em Santo André.
A professora não exitou em investir US$ 1,7 mil (R$ 4 mil) para acompanhar a cerimônia de canonização, seguida de um tour de dez dias pela Itália. É a quinta peregrinação religiosa de Maria José – ela já viajou para Israel, Luz e Fátima (Portugal), além de Santiago de Compostela (Espanha). Mas a de hoje é considerada a mais importante. “Estou muito ansiosa. Não vou poder ver outro santo ser canonizado na vida”, afirmou Maria José, na última sexta-feira, enquanto preparava suas malas, na última sexta-feira.
Para o professor do Departamento de Teologia da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, Rafael Rodrigues da Silva, o evento tem grande importância para a Igreja Católica brasileira. “É muito importante, sob dois aspectos: o fato de ser uma mulher e uma brasileira sendo canonizada”, afirmou. “Além disso, este fato irá reforçar a presença da Igreja Católica no Brasil. Funciona, pode-se dizer, como um chamariz para novos fiéis.”
“A Igreja Romana reconhece a Madre Paulina como um exemplo de dedicação aos próximos e às pessoas necessitadas”, disse o frei franciscano Diogo Luis Fulten, da Igreja Maria Imaculada, em Santo André.
Por atividades junto a portadores de câncer, Madre Paulina deverá ser considerada padroeira dos portadores da doença.
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