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Buracos, lama, lixo e escuridão no Zaíra 4
Camila Brunelli
Do Diário do Grande ABC
02/03/2011 | 07:05
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À Rua Sílvio Name não se chega motorizado. Na última via onde o carro consegue ir no Jardim Zaíra 4, em Mauá, o aviso de um vendedor ambulante revela o problema. "Para subir aí, só de avião."

De fato, a íngreme escadaria de cerca de 150 degraus da Viela 51 (acesso mais próximo à via) não é nada convidativa, mas com um pouco de jeito e muito cuidado é possível chegar ao topo - de onde a visão é quase assustadora.

A Rua Sílvio Name é cortada por uma linha de sucessivos buracos de várias profundidades e diâmetros. Segundo os moradores, a situação é a mesma desde os temporais de janeiro. Com a chuva da tarde de segunda-feira, a situação só se agravou.

Dentre outros percalços, eles se acostumaram a andar com um segundo par de sapatos. "Para chegar até o ponto de ônibus, tem que subir todo o morro, no barro. Quando chove, fica escorregadio, a gente cai, se suja toda", contou a diarista Isabel Alves, 43 anos.

"Se alguém adoece, a gente tem que botar nas costas para levar ao hospital", disse Francisco de Souza, 60. O pedreiro está afastado do trabalho desde o ano passado, quando machucou o braço tentando entrar em casa. "Fui pular o buraco, escorreguei e caí dentro de um deles."

Outro prejudicado financeiramente pelo estado da via é o dono do bar Severino da Silva, o Goleiro - apelido que trouxe de Pernambuco. "Ninguém entrega compra aqui. Se quiser, tenho que pagar pelo transporte." Quando compra cerveja na adega mais próxima, ele paga R$ 4 por engradado de garrafas transportado. "Se a rua estivesse asfaltada, daria para vir um carro pela rua de cima."

A doméstica Cleuza Scaramussa, 48, resolveu tomar providências: abriu um buraco na parede que divide sua casa e a da vizinha para poder entrar pela casa dela. Em frente à porta, a terra cedeu e se formou um buraco de dois metros de profundidade.

Os moradores também sofrem com a falta de iluminação pública. Eles pagam suas contas de luz, mas, receosos com a soma buraco mais escuridão, puxaram pontos de eletricidade para fora das casas e arcam com o custo extra.




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