Cultura & Lazer Titulo Teatro
'Playground' volta com um drama matemático e dupla autodestrutiva
06/02/2017 | 08:30
Compartilhar notícia


No camarim do Oi Futuro Flamengo, o ator Mateus Monteiro faz uma pausa para considerar a agenda de peças que terá a partir dessa segunda, 6, com a reestreia de Playground no Viga Espaço Cênico. No Rio, a rotina é de quinta a domingo no espetáculo Love, Love, Love, dirigido por Eric Lenate. E agora suas segundas e terças serão para compartilhar o palco com Lara Hassum em São Paulo. Em sete dias da semana, seis em cartaz.

Enumerar não é uma dificuldade para ele nem para o dramaturgo norte-americano Rajiv Joseph. O autor de Playground criou uma "estrutura matemática" que não interfere na fruição da montagem pelo público, defende o ator, mas que ainda assim merece ser descrita: "São oito cenas, que compreendem um período de 30 anos da vida de duas pessoas", conta Monteiro. "E como a nossa memória, elas são resgatadas de maneira não linear." O que não quer dizer aleatório, explica o diretor Marco Antônio Pâmio. "A história começa quando as personagens têm oito anos. Quando se avança para o futuro, acrescenta-se 15 anos, ao retroceder subtrai-se dez."

O resultado é um conjunto de 8 cenas que retratam a relação de Daniel e Karina com 8, 23, 13, 28, 18, 33, 23 e 38 anos. A repetição de dois momentos na equação também ganha um jeito especial. O diretor conta que a dupla tem uma interação curiosa. "São pessoas com histórias particulares que se conectam porque são igualmente carentes. Ele reage sendo inconsequente, com um comportamento autodestrutivo e desafiando a própria vida. Já Karina prefere cultivar os próprios medos, que roubam a autonomia da jovem para tomar decisões", explica Pâmio.

Monteiro, que recebeu sua primeira indicação ao Prêmio Shell pelo personagem, afirma que o jogo entre os dois não parece se consumar. Talvez por isso eles sejam tão radicais. "Há uma atração marcada pela violência e de um estranho afeto que os mantém unidos. Isso não significa que sejam amigos ou amores, há muitas outras possibilidades."

Para dar conta de tantas transições no tempo, o diretor ressalta que o cenário surge como um portal que permite passagem ao fluxo de memórias apresentadas no palco. "Ao fundo, há um conjunto de portas e janelas fixas, transparentes ou não. O que se transforma são elementos que entram e saem para retratar ambientes como o quarto de uma das personagens e de um hospital."

Monteiro acrescenta que "o espaço caótico permite que o público refaça suas próprias lembranças." E isso foi outra surpresa estranha para o elenco. "Eu acreditava que apenas o público com a faixa etária descrita na dramaturgia iria apreciar a peça. Ao longa da primeira temporada, recebemos relatos de pessoas mais velhas contando suas experiências", conta o ator.

PLAYGROUND

Viga Espaço Cênico. Rua Capote Valente, 1323. Tel.: 3801-1843. 2ª e 3ª, às 21h. Ingressos: R$ 20. Até 28/2. Reestreia nesta segunda-feira, 6.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;