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Prefeitura pede ao MTST que deixe terreno ocupado
André Vieira
Do Diário do Grande ABC
11/05/2010 | 07:41
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A Prefeitura de Santo André pediu ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) que até amanhã o acampamento erguido no bairro Cidade São Jorge seja desmontado. A área foi ocupada no sábado e possui cerca de 500 barracas.

Na tarde de ontem, representantes da administração municipal e do movimento se reuniram para a primeira das reuniões que podem decidir o futuro da ocupação e das famílias que estão se mudando para o local.

As duas solicitações que a Prefeitura fez ao MTST não foram atendidas ontem. O município havia requerido lista com o cadastro de todas as famílias que montaram barracas no acampamento. Além disso, pediu ao grupo que apresentasse o documento, que a coordenação do MTST alega possuir, informando que o terreno é de propriedade da iniciativa privada. Como os representantes não atenderam aos pedidos, novos encontros foram marcados para hoje e amanhã.

DIVERGÊNCIA - A administração informou que a área ocupada - cerca de 40 mil metros quadrados -, pertence exclusivamente ao município. Por esse motivo, pediu ao movimento que entregue documentos que comprovem que a área também é particular. "Nem a Prefeitura sabe de quem é a posse do terreno. Nós podemos apresentar a documentação, mas é obrigação do governo saber", rebateu a coordenadora do MTST, Maria das Dores, 40 anos.

Segundo a líder, o mau tempo do fim de semana foi impedimento à realização do cadastro da população que está dormindo em barracas de lona no terreno ocupado.

Para o secretário de Desenvolvimento e Habitação, Frederico Muraro, as informações sobre as famílias manifestantes são necessárias para comparar com o banco de dados da administração. "Santo André faz parte do Minha Casa, Minha Vida. Temos 57 mil famílias inscritas e projetos que possibilitam a construção de 2.312 moradias populares", afirmou.

Para os sem-teto que estão trocando a vizinha favela do Espírito Santo pelo terreno ocupado, Muraro avisou que parte do núcleo será urbanizada e parte será desapropriada.

"Os moradores da área a ser desocupada serão beneficiados. Estamos construindo os blocos residênciais, e as primeiras famílias deverão sair do local no início do ano que vem."

PROJETO - No terreno ocupado pelo MTST, a Prefeitura pretende erguer um galpão para a triagem de materiais recicláveis. As obras deveriam começar até o fim deste mês, mas deverão sofrer atraso em virtude da montagem do acampamento.

"Queremos que eles se conscientizem que ocuparam uma área da municipalidade, que dispõe de projeto. Estamos alimentando a possibilidade de uma desocupação para evitar o confronto", afirmou o secretário de Assuntos Jurídicos, Niljanil Bueno Brasil. Se o MTST não deixar o terreno até amanhã, segundo Brasil, a administração irá ajuizar uma ação de reintegração de posse na Justiça.

Para Maria das Dores, o futuro do acampamento não será decidido antes que as dúvidas sobre a posse e os projetos para a área sejam esclarecidas.

"Enquanto isso não for resolvido, não pensamos em desocupação. Não conseguimos nada só com reunião, mas, sim, com o povo na rua."




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