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Jovem está lendo mais, diz pesquisa
Rita Norberto
Do Diário do Grande ABC
25/01/2003 | 18:44
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O jovem de hoje lê mais do que o de alguns anos atrás. Esta é a constatação de uma pesquisa elaborada pela gerência de bibliotecas de Santo André, que reúne a Biblioteca Central Nair Lacerda, a Cecília Meireles e outras dez unidades nos bairros. A pesquisa mostra que, entre os anos 2000 e 2002, o volume de retirada de livros pelo público infanto-juvenil na Nair Lacerda aumentou 70%. Entre as crianças, público mais atendido nas bibliotecas ramais, a evolução foi ainda maior. “Tivemos um crescimento de 200% na retirada de material infantil”, disse a gerente de bibliotecas da rede pública de Santo André, Glaucia Sas Padini Lanzoni.

O interesse cresceu, segundo ela, por uma somatória de fatores, como a criação de projetos que incentivam a leitura. É o caso do projeto Despertar para a Leitura, criado há seis anos, onde um contador de histórias distrai crianças e adolescentes. Também contaram as mudanças no currículo escolar, que passou a exigir mais leitura, e os fatores econômicos. “As pessoas também perderam poder aquisitivo para comprar o livro e, por isso, passaram a buscar mais as bibliotecas”, disse Glaucia.

No ano passado, somente a Biblioteca Central de Santo André, a Nair Lacerda – que tem um acervo de 90 mil volumes, o maior da cidade – recebeu 302 mil usuários. Para a bibliotecária responsável pela Olíria de Campos Barros, de Diadema, Maria de Lourdes Figueira, o jovem está, sim, mais interessado em leitura. Fato notado no interesse que eles têm nos eventos. “Toda atividade que fazemos de leitura tem muita aceitação”, disse. Criada em 1967, a Olíria é a mais antiga biblioteca pública de Diadema. Também é a maior das 12 da cidade, com um acervo de 40 mil volumes.

Ratos – Os bibliotecários já conseguem identificar até os novos ratos de biblioteca. Mesmo no período de férias, longe das salas de aulas, eles passam suas tardes confinados nas bibliotecas. São estudantes que preferem uma boa leitura a assistir televisão ou ir ao shopping com os amigos. “Muitos desses garotos retiram o livro e ficam por aqui lendo. Nas férias, a biblioteca fica mais tranqüila, mais vazia”, disse o bibliotecário coordenador da Biblioteca Cecília Meireles, a maior de Mauá, Gilberto Valdrighi.

As bibliotecas da região têm acervo grátis e rico, afirmam os freqüentadores. Prato cheio para quem ama ler, como a adolescente Natália da Silva Lima, 15 anos, sua irmã e uma amiga da mesma idade. Elas são um exemplo de ratos. Na Biblioteca Cecília Meireles, Natália buscava Tieta do Agreste, de Jorge Amado. “Não tenho nada para fazer nas férias”, disse.

Sua irmã, Lilian da Silva Lima, 20 anos, preferiu poemas, seu tipo de leitura predileto. Escolheu Os mais belos poemas que o amor inspirou, de J.G. de Araújo Jorge. “Copio todos os que mais gosto. Já tenho mais de 100. Mas também gosto de literatura, principalmente a que fala do Nordeste, do sertão”, disse. Poemas também são a paixão da amiga Ivone Barbosa Damaceno. Aos 13 anos, a mais nova das três tem um gosto apurado e lê Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira.

Os funcionários também já notam a presença de leitores-mirins assíduos. Enquanto esperam o pai ir ao banco, os irmãos Roberta Barbosa de Matos, 11 anos, e Gabriel Barbosa de Matos, 8, lêem na Olíria de Campos Barros, em Diadema. Desde de cedo, já apreciam os títulos infantis. “Leio bastante aqui e na escola. Gosto das histórias animadas”, disse Roberta. Seu irmão também tem o mesmo critério de escolha. “Gosto daqueles mais ilustrados, com figuras”, disse.




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