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Cresce disputa por vagas no Cefam
Sucena Shkrada Resk
Do Diário do Grande ABC
19/01/2003 | 19:30
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A disputa por uma vaga para o curso normal (magistério para educação infantil e as quatro primeiras séries do ensino fundamental) aumentou neste ano nas três unidades do Cefam (Centro Específico de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério) do Grande ABC, que ficam em Santo André, São Bernardo e Diadema e são subordinados à Secretaria de Estado da Educação. Nesse último, por exemplo, o aumento da procura foi de 500 para 828 pessoas para 120 vagas. Essas unidades integram a lista de 54 em todo o Estado de São Paulo, que só no ano passado capacitaram 21.026 alunos.

Os candidatos (alunos que concluíram no ano anterior o primeiro ano do ensino médio) buscam na maratona de três anos de aulas das 7h às 17h, de segunda a sexta-feira, um passaporte para o mercado de trabalho – principalmente em colégios particulares, que absorvem a demanda. São mais de 5 mil horas de aula. Em contrapartida, eles recebem ajuda de custo mensal no valor de um salário mínimo, por causa do comprometimento do período integral. Na unidade de Santo André, foram atendidos 427 alunos em 2001 e 441 em 2002; São Bernardo atendeu 411 alunos em 2001 e 435 em 2002. Já em Diadema, os números foram respectivamente 385 e 364.

Motivação – A história de Willians de Almeida Barroso, 26 anos, fez carreira na instituição a partir de 1993, quando iniciou o curso no Cefam de Diadema. “Fiz essa opção principalmente com o objetivo de ter um crescimento pessoal e profissional na área de humanas.” O professor, então recém-formado, começou a dar aula na própria unidade, onde está até hoje. Em 1997, entrou na faculdade de Letras, que concluiu em 2000. “Aprendi a mostrar aos meus alunos que procurem encontrar seus próprios caminhos para o magistério.”

Para a promotora de vendas, Laudeci de Souza Rodrigues, 37 anos, mãe da aluna do Cefam de Diadema Maria do Socorro, 18, é válido o esforço que a estudante faz para ser uma boa profissional. “Os estudos exigem que ela tenha muita disciplina. Com seu incentivo, eu vou me matricular em uma telessala para terminar o ensino fundamental”, disse.

“Ter no currículo a passagem pelo Cefam pesa na hora de conseguir uma vaga”, afirmou a professora Gabriela Aparecida Massa, 21 anos, que se formou na unidade de Santo André, em 2001. “Valeu a pena ficar muitas horas estudando. À tarde, tínhamos tempo de fazer projetos, trabalhos em grupo e seminários. Logo que me formei, consegui uma vaga de professora em uma escola particular, onde estou até hoje”, disse.

Diferenças – Segundo a assessora da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas, Maria Lúcia Gilberti, a principal diferença entre o curso no Cefam e o normal matutino está na carga horária e no tempo de estágio, que é de 360 horas no Cefam contra 150 horas no matutino. O estágio têm de ser feito fora do horário de aula. “O candidato também tem de prestar um vestibulinho com testes de conhecimentos gerais, e 60% das vagas são destinadas a quem veio do ensino médio e também da oitava série do fundamental noturno.” Esse período a mais na grade é chamado de enriquecimento curricular.”

Desde o ano passado, foi incluso no currículo o incentivo a trabalhos voluntários como ações extracurriculares. “Nosso alunos, por exemplo, nas férias, dedicam seu tempo para realizar atividades de artes plásticas, jogos e brincadeiras com crianças, em praças da cidade. Fizemos uma parceria com o projeto da Prefeitura Clubinho de Férias”, disse a diretora do Cefam de Diadema, Leda Maria Oliveira Franco.

O destino dos cursos normais nos próximos anos, entretanto, é uma incógnita. De acordo com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) instituída pelo MEC (Ministério da Educação), todos os professores deverão ter formação universitária até 2006. “É difícil saber o que vai acontecer. Talvez a instituição possa ter uma diminuição na formação e mais ênfase no aperfeiçoamento”, analisou Maria Lúcia. Enquanto isso, o interesse pelo Cefam continua alto.




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