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Leptospirose em latas de cerveja é difícil, mas possível
João Guimarães
Especial para o Diário
17/11/2006 | 22:15
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Com a aproximação do verão e da estação das chuvas, aumenta o risco de contaminação de leptospirose devido ao contato de humanos com água misturada à urina de ratos. Porém, um boato que circula na internet tem assustado a população. Trata-se das histórias de pessoas que teriam contraído a doença bebendo em latas de cerveja ou de refrigerante sujas com a urina de ratos.

Segundo o diretor da Associação de Vigilância da Saúde de São Caetano, o Eduardo Hiroshi, por incrível que pareça, a chance de se contrair leptospirose dessa forma existe, mas é extremamente pequena. Segundo ele, a bactéria responsável pela peste, a leptospirose, penetra no corpo humano através da pele, principalmente se existir algum ferimento na região do contato. “É uma grande coincidência, mas se o rato urinou na lata e a boca ou os lábios da pessoa estiverem machucados é possível sim”, explica.

Ou seja, a menos que a situação seja essa, contrair a doença, como descrito no boato, fica bem difícil. Quem compartilha dessa opinião é o diretor do departamento de Vigilância à Saúde de São Bernardo, Wagner Kuroiwa. Segundo ele, em medicina, quase tudo é possível na teoria. “Se toda essa cadeia de fatores acontecer, pode ser que a pessoa contraia a doença. Mas eu nunca vi um único caso”, explica.

Algumas empresas de bebidas tomam providências em relação aos seus produtos, é o caso da Itaipava, que possui um lacre de proteção na latinha.

Lendas à parte, o coordenador do Departamento de Vigilância a Saúde de Santo André, João Carlos da Rocha, alerta para o alto risco de contaminação da doença devido à falta de informação da população.

Segundo ele, a bactéria precisa da água para sobreviver. “No caso da cerveja, mesmo que o rato urine na latinha, quando secar não há risco”, explica. Porém em determinadas situações cotidianas há um risco muito maior. “É bem mais fácil pegar a doença durante uma limpeza no quintal”, diz. “As pessoas acreditam que por estarem lavando estão seguras, mas a água contaminada pode estar ali. E na maioria dos casos as pessoas usam chinelos durante a limpeza”, completa.

No final das contas, existindo as chances ou não, todos os especialistas recomendam que as pessoas lavem as latas antes de seu consumo, pois para eles, mesmo que não haja a bactéria da leptospirose, podem existir outras substâncias nocivas ao corpo humano.

Os números de casos da doença na região do Grande ABC este ano são razoáveis, mas em nenhum deles foi comprovado uma situação de alguma pessoa que tenha pego a bactéria depois de ter consumido um refrigerante ou cerveja, conforme reza a lenda.

Em São Bernardo do Campo, foram cinco casos confirmados até outubro deste ano, enquanto em Santo André foram seis ocorrências de contaminações pela bactéria da leptospirose. O município de São Caetano teve dois casos confirmados entre oito suspeitas. Mauá teve apenas um contaminado este ano. O único relato de morte por causa da doença na região foi em Ribeirão Pires, onde três pessoas, incluindo a que faleceu, foram contaminadas pela bactéria.



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