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Educadores criticam pressão das provas
Renan Fonseca
Do Diário do Grande ABC
14/08/2011 | 07:21
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Celso Luiz/DGABC


O vestibular continua sendo o terror e uma das primeiras barreiras do início da vida adulta. Educadores e especialistas criticam a forma de seleção, porém, avaliam que sem melhorar a qualidade no ensino não é possível superar essa etapa de aprendizado dos estudantes.

Questões com longos enunciados, números, fórmulas, datas e nomes fazem escorrer suor da testa de muitos candidatos. Nem sempre pela dificuldade de compreensão ou resolução do teste, mas pela pressão psicológica de alcançar o sucesso.

Professora de Psicologia da Educação da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo), Silvia Colello defende que o vestibular não é o melhor método de avaliação. "É uma prova que acaba exigindo do aluno o que ele aprendeu naqueles últimos anos de Ensino Médio sem contar o que ele já passou."

A especialista fala em trauma para aqueles que se submeteram a várias provas e tiveram de voltar para os cursinhos pré-vestibulares. "Isso acaba com a auto-estima da pessoa e pode fazer com que se sinta que vive à margem de seus sonhos", analisa Silvia.

Para outro profissional da educação, o vestibular não seleciona apenas quem entra para as universidades, mas perpetua antiga barreira social. "Infelizmente, muitos alunos do ensino público não conseguem passar nas seleções de universidades federais e acabam ingressando nas particulares", diz a coordenadora do curso de Pedagogia da UniABC, Luzia Miranda de Araujo Lioi.

O medo de reprovar no exame é o vilão do aprendizado, na opinião da pedagoga. "A pressão não é favorável. Mas qualquer tipo de avaliação gera esse tipo de pavor na maioria dos alunos. É um mal necessário." 

VIDA APÓS VESTIBULAR
Passei! Sim. Dá muito orgulho dizer isso após um ano de estudos pesados. Mas a professora Silvia adverte sobre considerar o vestibular a única barreira da vida. "Muitos alunos encaram a prova como objetivo final e esquecem que ainda têm a vida acadêmica e o mercado de trabalho à frente."

Segundo a piscopedagoga, a pressão do exame pode ser responsável até pelo abandono ou mau aproveitamento do curso superior. "Depois que passa o vestibular, o aluno fica com sentimento de dever cumprido e pode não seguir a rotina de estudos."

 

Rotina é de horas de estudo e atividades aos fins de semana 

Estudar todos os dias, por cinco horas, sempre antes de ir para escola. Fazer do quarto uma biblioteca. Ao lado da cama, escrivaninha suja de farelo de borracha. Ler 15 livros de Literatura Brasileira. Participar de maratonas de matemática, plantões aos sábados e domingos, evitar baladas, refazer várias vezes exercícios de física, matemática e química. E, mesmo assim, dormir com a quase certeza que nada disso é o suficiente. E não é.

Essa rotina é semelhante ao que Tabita Fani Nunes da Silva, 22 anos, passou no ano passado. Ela queria cursar Letras na USP, porém não foi aprovada no vestibular. Mas nem por isso desanimou. A jovem se matriculou no cursinho pré-vestibular para começar tudo outra vez. "É triste, frustrante. É o pior momento que passei na minha vida", resumiu o dia em que ficou sabendo que não passara pela segunda fase do vestibular. "O jeito é não desistir. Fazer o quê?", desabafou.




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