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Novo programa combate insônia entre as mulheres
Illenia Negrin
Do Diário do Grande ABC
07/03/2004 | 21:30
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A dona de casa Maílde Alves da Silva, 54 anos, dorme cerca de três horas por noite. Isso quando consegue pegar no sono. A cena se repete: ela passa horas virando de um lado para o outro na cama e, quando finalmente o sono chega, já é hora de acordar. “A sensação é de nem ter dormido, parece que só tirei um cochilo. Sinto muito calor, aí me descubro e sinto frio. Levanto para beber água, depois para ir ao banheiro. E passo o dia me sentindo cansada”, relata. Mulheres como Maílde, que já entraram na menopausa e apresentam algum tipo de distúrbio do sono, contam a partir desta segunda com atendimento especializado para combater os efeitos provocados pelas noites maldormidas.

Um convênio firmado entre a Prefeitura de São Bernardo e o Instituto do Sono da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo, a ex-Escola Paulista de Medicina) permitirá que as pacientes que moram na cidade sejam atendidas pelo instituto e realizem gratuitamente exames e tratamento adequados.

Segundo a médica ginecologista Helena Hachul de Campos, uma das responsáveis pela parceria, o caso de Maílde é comum em mulheres que não menstruam há mais de ano. “Mais da metade das mulheres em menopausa apresenta algum tipo de distúrbio do sono”, informa.

Os dados são resultado da pesquisa de doutorado realizada por ela, que mediu a incidência de distúrbios do sono em pacientes no climatério. Segundo a tese, cerca de 60% delas se queixam de males como a insônia, apnéia (parada momentânea da respiração), ronco ou síndrome de pernas inquietas (movimentação contínua dos membros inferiores durante a noite).

De acordo com Helena, as causas dos distúrbios variam e só exames mais detalhados podem diagnosticá-las. “O período da menopausa pode acentuar o problema, em virtude da disfunção hormonal, ou provocá-lo, no caso de mulheres que nunca apresentaram queixas. Mas os fatores podem ser emocionais ou físicos”.

As pacientes da rede pública com problemas decorrentes da menopausa que informarem ter complicações com o sono serão encaminhadas ao instituto. Se necessário, serão submetidas à polissonografia, exame em que eletrodos são ligados ao corpo durante o período do sono e que avalia a oxigenação no sangue, o movimento dos olhos e músculos, o esforço respiratório e as funções cerebrais (encefalograma).

Identificadas as causas que atrapalham as noites da paciente, ela será novamente encaminhada a um neurologista ou a um psicólogo, por exemplo. “A paciente terá acesso gratuito a todas essas especialidades, inclusive se precisar realizar alguma cirurgia para resolver o distúrbio”, diz a médica.

O instituto conta com 52 leitos para a realização da polissonografia, que exige passar a noite no hospital. Desses, dois serão exclusivos para atender mulheres de São Bernardo. Assim, num mês, cerca de 40 exames poderão ser realizados.




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