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Educadora fala sobre versão de alunos
Bruna Gonçalves
Camila Galvez
24/09/2011 | 07:30
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O estudante Davi Mota Nogueira, 10 anos, teria dito aos colegas na véspera da tragédia que queria matar a professora Rosileide Queiros de Oliveira, 38. A informação foi passada ontem por uma professora da Escola Municipal Professora Alcina Dantas Feijão, em São Caetano, durante depoimento prestado no 3º Distrito Policial.

Anteontem, o aluno do 4º ano do Fundamental entrou armado na escola e alvejou a professora na região do quadril, na sala de aula, e se suicidou com tiro na cabeça.

"Não se sabe a veracidade das informações ditas à professora. Ou se foram boatos que surgiram após o incidente", disse a delegada Lucy Mastellini Fernandes, que planeja ouvir os colegas do estudante na semana que vem, na própria escola.

Na tarde de ontem foram ouvidas durante três horas duas professoras e a coordenadora pedagógica. Segundo a delegada, as professoras deram aula para o garoto no dia do ocorrido.

Durante o depoimento, a coordenadora pedagógica disse que falou com Rosileide, enquanto aguardava a ambulância. Ela teria dito não saber ao certo o que estava acontecendo, mas que sentia muita dor. 

DEPOIMENTOS
Na segunda-feira, às 14h, devem ser ouvidas a diretora e uma orientadora. Lucy disse que verá a possibilidade de colher o depoimento de Rosileide, caso a equipe médica autorize. Também serão chamados os pais e o irmão.

A investigação deve seguir por três frentes. A principal pretende desvendar o motivo que levou o aluno a balear a professora e atirar contra a própria cabeça. A outra é descobrir se alguém teria ajudado ou incentivado Davi de alguma maneira a levar a arma para a escola. "Se encontrarmos algo nesse sentido, aí sim a pessoa pode ser responsabilizada pelo ferimento da professora."

Lucy disse que será analisado se o pai foi omisso em relação ao local onde guardou a arma. Nogueira teria dito, em depoimento informal à delegada, que horas antes da tragédia deu pela falta do revólver, que ficava guardado no alto de um armário, e foi até a escola questionar os filhos.

A delegada descartou a possibilidade de que o pai venha a ser indiciado por tentativa de homicídio culposo (quando não há intenção de matar) em relação à professora. "Mas quem decide é o juiz."

 

Pelo menos 200 pessoas acompanham o enterro 

O estudante Davi Mota Nogueira, 10 anos, foi enterrado na tarde de ontem no Cemitério das Lágrimas, em São Caetano. Apesar de fechado ao público, foi acompanhado por, pelo menos, 200 pessoas, entre familiares, amigos, curiosos e colegas de trabalho do pai, o guarda-civil Milton Evangelista Nogueira. A família, que preferiu não falar, contou com segurança reforçada e saiu do local em viaturas da GCM.

O velório, que começou na madrugada de anteontem, reuniu familiares e a comunidade escolar, como alunos da Alcina Dantas Feijão. Muitos diziam não acreditar que Davi estava mesmo morto.

"Não sei como a pequena mão dele conseguiu disparar a arma", disse o porteiro da Emei Octávio Tegão, Rubens Augusto Bezerra, 57. Davi estudou nessa escola antes de ir para a Alcina. O porteiro encontrou com a mãe e o menino na semana passada. "Era uma família estruturada, evangélica. Tem coisas que não dá para explicar", disse o vigia.

 

Família da professora baleada reclama de não ter sido avisada 

Familiares da professora Rosileide reclamaram ontem não terem sido comunicados oficialmente pela direção da escola, Prefeitura de São Caetano ou as polícias Civil e Militar sobre o incidente na Alcina Dantas Feijão, que terminou com a educadora ferida à bala e um aluno morto.

Ao receber as primeiras informações de que algo havia acontecido na unidade, parentes e amigos começaram a trocar telefonemas para saber de Rosileide. Logo depois, vieram as notícias na imprensa. Irmão da professora, o motorista Manoel José de Oliveira Filho, 46, soube pela televisão.

"Cheguei em casa do trabalho e liguei a TV para assistir os noticiários. Foi quando vi que um garoto havia baleado uma professora em uma escola em São Caetano e que essa professora é minha irmã."

Cunhado de Rosileide, o músico Alexandre Millan, 38, foi um dos que lançaram mão do telefone para entender o que estava acontecendo. "Fomos buscando informações entre nós, pois não recebemos nada oficial da Prefeitura de São Caetano ou da polícia."

A certeza de que a professora está bem, e não corre risco de morrer, se espalhou como um tranquilizante pelos familiares, colocando todo o resto em segundo plano. "Não queremos saber agora quem está certou ou errado ou quais as razões do garoto. É preciso tempo para isso", disse o irmão.

Millan negou que houvesse atrito entre a professora e o aluno. "Ela já teve problema com um estudante, mas não é o que atirou nela." Segundo o músico, Rosileide ficou surpresa no hospital quando foi informada de que havia sido baleada por Davi, de quem a professora não tinha reclamações, só elogios. Ela ainda não sabe que ele se matou em seguida. (André Vieira)




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