Um projeto desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) vem ganhando repercussão entre as empresas de Internet, sobretudo no cenário internacional. Motivado por uma proposta do Governo Federal de universalizar o acesso à rede, o grupo de pesquisadores da universidade – três professores e três alunos de pós-graduação em ciências da computação – montou o protótipo de um computador popular que poderia ser vendido no mercado por preço entre R$ 400 e R$ 600.

Por enquanto, não há perspectiva para que esse equipamento ingresse no mercado. O que, no entanto, ocorrerá em breve. A tecnologia dessa máquina se tornará referência de compra para as diversas esferas de governo, beneficiando as escolas públicas de todo o país e, assim, cumprindo o sonho de colocar os alunos de baixa renda em contato com o mundo da tecnologia de informação.

O equipamento, que faz parte do programa Sociedade da Informação, tem como configuração um processador igual ou equivalente a um Pentium de 500 MHz, 64 MB de memória RAM, placa de rede Ethernet, modem de 56 kbps, monitor de 14 polegadas, placas de som e de vídeo, portas seriais e USB, mouse e teclado.

A maior diferença entre o PC Popular – que recebeu um investimento de R$ 150 mil do Comitê Gestor de Internet (CG) – e os computadores tradicionais, além do preço, é claro, fica por conta da ausência do disco rígido. Segundo Sérgio Campos, do Departamento de Computação da UFMG, uma placa de memória flash de 16 MB foi utilizada no lugar do disco rígido, apenas para o armazenamento de aplicativos. “Trata-se de um equipamento que tem a mesma função do disco rígido. Mas, por ser mais barato e menor tem certas limitações.”

Como o computador não tem disco rígido, o armazenamento de dados de trabalho não pode ser feito na própria máquina e sim em um outro computador, que funciona como uma espécie de servidor, com memória robusta o suficiente para armazenar grande quantidade de informação. “Além disso, vários outros micros simples podem ser conectados ao servidor. Esse tipo de rede é ideal para escolas e empresas que utilizam várias máquinas”, comenta Campos.

Outra novidade, talvez a principal, do PC popular é a utilização do sistema operacional de código-fonte aberto Linux, em substituição ao tradicional Windows. Os pesquisadores da UFMG depenaram o OS e deixaram apenas as funções essenciais. O software recebeu a interface gráfica XWindow, o gerenciador de aplicativos KDE, o navegador Konqueror e o pacote de aplicativos KOffice (editor de textos e planilhas).

Apesar de o protótipo já estar concluído, Campos afirma que o projeto ainda precisa de alguns ajustes. “Um dos pontos que necessitam ser modificados é incluir softwares na própria máquina e não rodá-los apenas no servidor.” Isso permitirá que o micro funcione independentemente de outro computador e atenda às necessidades do usuário doméstico.

Na hipótese dessa configuração entrar no mercado, segundo Campos, embora a versão básica do equipamento e do software permita total capacidade de acesso à Web, o usuário poderá incrementar o seu computador pessoal adquirindo novas partes e peças, como disco rígido e unidade de CD-ROM, de acordo com sua necessidade e capacidade financeira.

Quanto ao preço, Campos explica que dependerá das empresas responsáveis pela sua fabricação (leia texto abaixo). “Perseguimos o menor valor. Por isso, dispensamos os componentes supérfluos e que não são necessários para o acesso à Internet. Mas, a partir de agora, cabe às empresas buscar componentes mais baratos para que os computadores possam realmente ser comercializados por um preço atraente.”