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Quatro famílias se mudam para favela
Tiago Dantas
Do Diário do Grande ABC
10/10/2009 | 07:00
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Quatro famílias que estavam abrigadas temporariamente em uma creche de Santo André, após terem sido retiradas de uma área de risco, aceitaram a proposta da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) e se mudaram ontem. Elas deixaram o prédio em construção que dividiam com mais cinco famílias para voltar a morar em barracos de madeira e papelão de uma favela da cidade.

A mudança do grupo, feita pela manhã, foi marcada por um tumulto. "Os caras queriam cobrar o carreto. Pra trazer as coisas pra cá (a creche) não precisamos pagar nada. Mas pra levar, eles querem cobrar?", conta o serralheiro Hélio Pereira, que acabou tendo o transporte de graça. Outra reclamação dos desabrigados é que parte dos móveis e eletrodomésticos ficou em um galpão e não foi devolvida.

Até o fim de setembro, essas pessoas viviam em uma comunidade carente do Jardim Santo André. A região foi considerada área de risco após chuva forte que provocou o desmoronamento de um barranco. A CDHU ofereceu moradias provisórias para 15 famílias. Nove delas ficaram no prédio de uma creche estadual inacabada na Rua da Praça, também no Jardim Santo André.

Nove dias após chegarem ao alojamento, algumas famílias decidiram pegar o cheque de R$ 4.500 que a CDHU colocou à disposição dos desabrigados para comprar uma casa. Como a maioria dos barracos na região custam entre R$ 8 mil e R$ 10 mil, as quatro famílias que se mudaram ontem tiveram que procurar casa em bairros ainda mais afastados.

A família da dona de casa Maria Lúcia Souza, 28 anos, por exemplo, foi para o Parque João Ramalho, a cerca de três quilômetros de onde costumava viver, com o marido e os três filhos.

Documento errado - "Com o dinheiro que ofereceram não dá para fazer muita coisa. Achamos esse barraco e vamos pra lá. Aqui não,tem privacidade, tem que dividir tudo", conta Maria, que ainda teve que enfrentar um contratempo antes de se mudar definitivamente. "Falaram que meu documento estava errado, porque escreveram o CPF errado, e não me deram o cheque. Prometeram para terça-feira. Vamos ver, né?", afirma.

O documento a que Maria se refere é o "Termo de Opção", uma declaração em que a CDHU se compromete a pagar as pessoas assim que elas saiam do abrigo provisório. A companhia informou que, no caso da dona de casa, "pode ter ocorrido algum erro na grafia do nome ou no número de documento no cheque ou no Termo de Opção, o que impediria o recebimento do dinheiro no banco. Nesse caso, a CDHU recolhe o cheque para fazer a correção e o devolve à família", dizia a nota oficial.

Para a auxiliar de limpeza Eliana Vicente, 40 anos, o dinheiro oferecido pela CDHU não foi suficiente. Para conseguir se mudar, ela juntou dois salários. "Não dá para ficar no meio de tanta gente", afirma Eliana.




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