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Zé Rodrix lança primeiro livro na segunda
Do Diário do Grande ABC
19/11/1999 | 15:40
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Depois de desistir da música popular brasileira, de afastar-se do mundo teatral e de deixar para trás suas incursoes pelo jornalismo, Zé Rodrix resolveu aventurar-se por caminhos literários. Ele estará lançando, na segunda-feira (22), seu primeiro livro, "Diário de um Construtor do Templo" (Record, 448 páginas, R$ 30).

O escritor afirma que sempre escreveu, mas só teve coragem de publicar alguma coisa agora. "Acontece que antes eu nunca ficava satisfeito com o resultado", explica. "Agora eu posso dizer que estou orgulhoso do produto final."

Dois motivos o levaram a sua primeira ficçao histórica: a paixao por escrever e a maçonaria. Maçon há dez anos (filho e neto de maçons), Rodrix queria escrever sobre algo que simbolizasse a entidade que surgiu na Idade Média. Em suas pesquisas, ele foi até Jerusalém, no ano de 1000 a.C., e reconstituiu a história da construçao do Templo de Yahweh (ou o Templo de Salomao), a partir de Joab, personagem criado por Rodrix.

Filho órfao de um soldado fenício, Joab enfrenta problemas e refugia-se em Jerusalém, encontrando como única alternativa para sobreviver o trabalho como operário na construçao do templo. O trabalho de Joab, de construir algo, remete à maneira como os próprios maçons se autodenominam: pedreiros livres, sendo Deus o grande arquiteto do universo. Para Rodrix, o Templo de Salomao é o grande símbolo da maçonaria e de todo o esoterismo ocidental. "Queria mostrar o percurso interno de uma pessoa que se harmoniza com a construçao do templo."

Mas e o caráter secreto da maçonaria? O leitor vai ter acesso aos conhecimentos passados de geraçao para geraçao ao longo de séculos? "A maçonaria deixou de ser secreta para tornar-se uma sociedade discreta", afirma Rodrix. "Nao falo sobre a maçonaria em si, mas quero despertar o interesse do leitor."

Ao longo do livro, personagens históricos e bíblicos misturam-se aos criados pelo autor, compondo uma narrativa cheia de aventura, que envolve até mesmo o próprio rei Salomao. Distante de uma casa na campo, sem cabras e carneiros pastando em seu jardim, o carioca Rodrix mora há quase 20 anos na inquieta Sao Paulo. O que permanece fortemente de seu hit musical de 1971 é a fixaçao por livros e entre os 12 mil que compoem sua biblioteca prevalecem os que falam sobre culinária e alimentos no geral.

Assunto que também habita o universo de suas paixoes e que faz parte do seu próximo livro, que ele já está escrevendo. "O Cozinheiro do Rei", como deve chamar-se, também vai ter o formato de uma ficçao histórica, mas, desta vez, com o Brasil Colonial de pano de fundo e mais uma vez com a presença da maçonaria. O livro deve ficar pronto em novembro do ano que vem.

Fórmula - "O bom, ao fazer pesquisas para esse novo livro, é constatar que os movimentos que marcaram a história do Brasil nem sempre ocorreram como os historiadores contam", ressalta. A repetiçao da fórmula do primeiro livro, romance ou ficçao histórica faz parte de um processo natural: "É o que eu gosto de ler, entao é o que eu escrevo."

Dono de uma produtora que trabalha direto com o mercado publicitário, A Voz do Brasil, Zé Rodrix já trocou a MPB por jingles de comerciais e já fez trilha sonora para cinema. Isso só na área musical. Artista múltiplo, ele garante que cada um tem de encontrar o seu talento. "O meu nao é a música ou o teatro especificamente", diz, justificando suas várias atividades artísticas. "O meu talento é criar."




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