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S.Caetano monta exposição para homenagear nordestino
Andrea Catão Maziero
Do Diário do Grande ABC
13/07/2002 | 17:25
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São Caetano é hoje considerada a mais italiana das cidades do Grande ABC, mas a história de desenvolvimento do município – que tem uma das maiores rendas per capita do país – foi construída graças ao trabalho nordestino. Atualmente, eles representam 6% da população da cidade, mas, no início da década de 50, eram mais da metade dos moradores. Para lembrar a contribuição nordestina à formação de uma cidade, a Fundação Pró-Memória montou a exposição O Nordeste de São Caetano do Sul, no Museu Histórico Municipal, aberta ao público a partir de quarta-feira.

Os objetos, fotografias e as histórias de nordestinos que vieram para o município nas décadas de 30 e 40, atraídos pelo desenvolvimento industrial e, ao contrário da maioria, não foram expulsos pelo alto custo de vida em São Caetano, estão na mostra. Em sua maioria, eram migrantes humildes, que eram trazidos para trabalhar no campo e, depois, assumir postos nas indústrias em expansão.

O diretor do Museu Histórico Municipal, Humberto Domingos Pastore, disse que, na década de 30, os trabalhadores eram recrutados em seus Estados de origem e trazidos a São Paulo com a promessa de que trabalhariam em lavouras de café e algodão. No entanto, quando chegavam aqui, eram colocados para “limpar” grandes extensões de terra, desmatando áreas para latifundiários no interior do Estado.

Alguns vinham com endereço certo para trabalhar nas indústrias, mas poucos chegavam nessas condições. Eram muitos os que se aventuravam e vinham para cá iludidos com a promessa de que São Paulo tinha emprego em abundância. “A migração em massa ocorreu nas décadas de 40 e 50, principalmente pelo emprego nas indústrias”, disse Pastore.

São Caetano, assim como outras cidades da região, estava em plena expansão industrial. Naquela época, o município ainda era subdistrito de Santo André – sua emancipação só ocorreu em 1949. Bairros que hoje pouco lembram a presença nordestina foram formados exclusivamente por eles. O atual bairro Nova Gerty e o antigo bairro Alegre Novo, hoje Oswaldo Cruz, são exemplos de formação nordestina.

“Os terrenos eram vendidos a preços acessíveis e, assim, as vilas se formaram. As ruas de terra deram lugar às de paralelepípedo. O comércio começou a ocupar mais espaço e, aos poucos, os nordestinos foram deixando a cidade. Muitas vezes, partindo para municípios (especialmente Diadema e Mauá) onde encontravam as mesmas condições estruturais de quando aqui chegaram”, disse Pastore.

O legado deixado pelos nordestinos na cidade pode ser conferido na exposição O Nordeste de São Caetano do Sul. A abertura está prevista para as 19h de quarta-feira e vai até 1º de setembro. A visitação, de terça-feira a sexta-feira, pode ser feita das 8h às 17h e, aos sábados e domingos, das 14h às 17h. O Museu Histórico Municipal fica na rua Maximiliano Lorenzini, 122, no bairro Fundação. Mais informações pelo telefone 4229-1988. A entrada é gratuita.




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