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Cultura pensada para juventude
Sara Saar
Do Diário do Grande ABC
27/05/2011 | 08:13
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André Henriques/DGABC


"Se os jovens que hoje estão em escolas privadas de São Paulo, as melhores do Brasil, não sentarem com jovens de outros estratos sociais, continuaremos a representar um País culturalmente desigual", alertou Marta Porto, secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC (Ministério da Cultura), que participou ontem do 2º Seminário Universidade, Cultura e Sociedade, promovido pela USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e mediado pelo pró-reitor de extensão Joaquim Celso Freire Silva. 

Ciente de que jovens de classe média estão cada vez mais envolvidos em processos de difícil compreensão como casos de homofobia e discriminação racial, Marta afirma: "Não podemos nos permitir ser uma sociedade eticamente frágil".

O grande problema está em vincular ao mal as políticas públicas culturais dirigidas à juventude. "Projetos são desenvolvidos para reduzir os índices de criminalidade ou ocupar o tempo livre dos jovens", aponta a secretária. "Isso nos impede de discutir o que constitui a contemporaneidade de uma ação política voltada para determinadas gerações".

Citando o educador Antônio Carlos Gomes da Costa (1949-2011), Marta aponta a necessidade de pensar a juventude a partir da noção de trajetória. "Em que medida se chega a uma determinada faixa de idade como um ser que foi se construindo ao longo de uma sociedade, desde a barriga da mãe?".

Para Maria do Carmo Brant, consultora do Cenpec (Centro de Estudo e Pesquisa em Educação, Cultura e Ação Comunitária), a formação humana deve estar ancorada na ampliação do repertório social, político e cultural. "O jovem precisa de oportunidades, que podem ser geradas pelo Estado (por meio de políticas públicas), pelo mercado (por meio de vagas de emprego) e pela comunidade, território onde vive".

Segundo a consultora, é imprescindível pensar em redes, de modo que todos os serviços estabeleçam prioridades comuns, para que existam mudanças. "Em ambientes como São Paulo e Grande ABC, há grandes periferias. Gestores de aprendizado, pressionados pela sociedade, transformam-se em gestores de assistência social nas escolas", aponta.

Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo, chamou atenção para cultura pública, aquela que faz as pessoas se sentirem parte do processo, em vez da cultura enquanto mercado. "Discute-se o pertencimento, a identidade, a cidadania", enumera. "Não há mudança na economia sem ação cultural efetiva que transforme os valores".




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