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‘Hannibal’ é uma seqüência aceitável
Patrícia Vilani
Do Diário do Grande ABC
15/10/2001 | 19:07
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Hannibal (idem, EUA, 2001), de Ridley Scott, pode não ter empolgado tanto quanto a fita responsável por sua existência como seqüência, O Silêncio dos Inocentes (1991). Este, um suspense de Jonathan Demme, arrebatou cinco Oscar. Scott, por sua vez, dizem as más línguas, só teria perdido o Oscar de direção para Gladiador por ter cometido um único erro: ter feito o filme. Tudo exagero. Hannibal não é uma obra-prima como o original, mas também não é nenhuma catástrofe. A prova pode ser tirada com seu lançamento em VHS e DVD.

A versão em disco traz um desfecho alternativo para a história, embora Scott tenha declarado que Hannibal está entre seus filmes cuja versão final foi satisfatória para ele – ao lado de Gladiador e Alien, O Oitavo Passageiro. Ainda entre os extras, estão 30 minutos de cenas editadas, com comentários do diretor e making of com material inédito sobre a produção.

Em Hannibal, dez anos se passaram desde a fuga do psicopata Hannibal Lecter (Anthony Hopkins) em O Silêncio dos Inocentes. A agente do FBI Clarice Starling agora é interpretada por Julianne Moore, que substitui Jodie Foster. Com a carreira em baixa, ela ainda tenta provar sua lealdade à instituição. Mas os fatos não ajudam. Depois de ser considerada a agente que mais mata no país, ela ainda comanda uma ação desastrada e é colocada de molho.

Clarice decide retomar a investigação do caso Lecter por conta própria depois de receber uma carta supostamente escrita por ele – na verdade, saída do punho do milionário Mason Verger (Gary Oldman, irreconhecível), a única vítima que sobreviveu à fome do psicopata. Desfigurado, ele deseja uma vingança planejada. Quer atrair Lecter e oferecê-lo a um bando de javalis famintos.

Lecter, portanto, desta vez é a caça. Esconde-se sob a identidade do intelectual Dr. Fell, em Florença, na Itália, onde trabalha como funcionário de um museu. O papel não lhe cai muito bem, é verdade, mas Hopkins faz um esforço fenomenal para convencer – já que a trama não ajuda muito. Agora, Lecter parece mais um entre tantos assassinos em série do cinema, algo inconcebível para quem assistiu O Silêncio dos Inocentes ou leu a obra de Thomas Harris.

Mesmo para quem não suporta a idéia de que o vilão em Hannibal não é o Dr. Lecter, mas Mason Verger, fica um consolo para o final: a tão falada cena em que Hannibal oferece miolo humano com alcaparras e vinho branco para a própria vítima (Ray Liotta), ainda com o cérebro aberto. Tudo assistido por Clarice, sob efeito de sedativos. É a essência de todo o resto do filme – um misto de humor e escatologia.




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