Setecidades Titulo
Tragédia expõe falta de estrutura da PM
Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
18/03/2008 | 07:20
Compartilhar notícia


Falta acompanhamento psicológico aos policiais militares de São Paulo. Segundo especialistas ouvidos pelo Diário após homicídio duplo praticado pelo soldado Guilherme Vieira Correia, em São Bernardo, o Estado também é responsável pelo ato praticado contra a família da ex-namorada do policial, que já teria sido afastado por ato violento.

O crime aconteceu na noite de domingo. Após ser abandonado pela namorada Márcia de Carvalho, 21 anos – que estaria morando com o soldado à base de ameaça –, Correia invadiu a casa da família na Vila São Pedro e matou o irmão Marcos de Oliveira Carvalho, 27 anos, e a tia Laura Alves Ribeiro, 51. Outras três pessoas foram atingidas por tiros, mas ontem não corriam risco.

Segundo o diretor da Aspomil (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo), tenente Dirceu Cardoso Gonçalves, o Estado não cuida da saúde de seus funcionários. “Não há tratamento preventivo. A corporação só presta assistência depois que o soldado tem um surto e, mesmo assim, o atendimento não é completo”, diz.

Amigos e parentes da família Carvalho contam que Correia já foi preso por atirar contra a casa de Márcia em outra oportunidade. “Na época , ele ficou preso por uma semana e depois voltou às ruas. Chegou a montar uma blitz perto do trabalho da Márcia para fiscalizar com que ela estava. Também ligava para os conhecidos dela e fazia ameaças. É um psicopata que se finge de anjo”, afirma um conhecido.

Para o deputado estadual Olímpio Gomes (PV), ex-presidente da Associação Paulista dos Oficiais da PM, tragédias como a sofrida pela família de São Bernardo refletem a falta de estrutura. “Temos policiais que são verdadeiros homens-bomba, podem explodir a qualquer momento. A população corre riscos com profissionais que têm desvio de conduta. É uma mentira dizer que há acompanhamento. O psicólogo deveria ser parte integrante no quartel e oferecer tratamento constante.”

O soldado Guilherme Vieira Correia passou a integrar a corporação em 2002. Ele faz parte do efetivo do 40º Batalhão, em São Bernardo e, segundo a PM, estava de folga no momento do crime. A Polícia não confirmou se o Correia respondia por algum crime nem se ele passava por acompanhamento médico.

Até o fechamento desta edição, o acusado continuava foragido. Após reportagem publicada pelo Diário ontem, a ouvidoria da PM abriu protocolo para acompanhar as investigações.



Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;