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Mário Covas segue sem medicamentos
Camila Brunelli
Do Diário do Grande ABC
07/04/2011 | 07:22
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Os pacientes que dependem dos medicamentos de alto custo fornecidos pelo Hospital Mário Covas para tratamento de doenças graves estão tendo que desembolsar suas economias para evitar que as respectivas doenças progridam.

Medicamentos como Sifrol, usado no tratamento do mal de Parkinson, e Zoladex, usado contra o câncer de próstata, continuam em falta. Ao Diário, a Secretaria do Estado da Saúde informou que a regularização da oferta das drogas está prevista para segunda-feira.

O problema é que, além desses, outros dois medicamentos agora figuram na lista das drogas em falta: o Adrocur, usado para controle de hormônios masculinos para evitar desenvolvimento de tumor maligno na próstata, e o Calcitriol, para tratamento de doenças renais.

Maria Amélia de Andrade Campos está gastando quase R$ 400 mensais porque seu ex-marido, 71 anos, precisa tomar quatro comprimidos de Sifrol por dia. "A gente ainda dá um jeito e consegue comprar, mas tem muita gente que não tem como conseguir esse dinheiro", comentou. Ela prefere ter o gasto e evitar que a doença piore. "Ele ficou 15 dias sem tomar e ficou muito mal: mais trêmulo, mais devagar."

O aposentado Mucir Lanza, 70 anos, disse que já gastou mais de R$ 750 por conta da falta do remédio usado para tratamento do mal de Parkinson. Atualmente ele toma três remédios, mas, da lista, somente o Sifrol está em falta. "Se eu ficar sem, aumenta o tremor, rigidez dos músculos, trava os braços", relatou. "Além disso, eles me deram um número de telefone que ninguém atende. Eu liguei o dia inteiro e nada."

O pai de Inês Conceição Vieira, o aposentado Raul, 81 anos, tem adenoma de próstata e precisa tomar a medicação para que a doença não avance e se torne um tumor maligno. Por dia, são três comprimidos. Por mês, cinco caixas e meia. "Nós estamos fazendo vaquinha entre os três irmãos para comprar, porque é um remédio caro", lamentou Inês, referindo-se ao preço da caixa do remédio, atualmente em torno de R$ 100.

Inês disse que o último dia que conseguiu o remédio na Farmácia de Alto Custo no Hospital Mário Covas foi 14 de fevereiro. Um mês depois, quando ela voltou à farmácia, o Androcur ainda estava em falta - e assim permanece.

A Secretaria de Estado da Saúde informou que houve um excesso de demanda com relação ao Calcitriol e que, por isso, foi necessário realizar pregão para aquisição de mais medicamentos. O prazo dado pela Pasta para regularização da oferta da droga é de 15 dias.

No começo de março, o Diário já havia denunciado a falta do remédio que, segundo atendentes do hospital, já durava um mês. Regularizado no início do mês posterior, novamente o medicamento está em falta.

No caso do Androcur, o Estado argumentou que o laboratório União Química, vencedor da licitação para fornecimento do medicamento, tem atrasado a entrega da droga. Não há previsão para reabastecimento. A Secretaria de Saúde também informou que estuda a possibilidade de multa ao laboratório.




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