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Abrigo provisório vira moradia definitiva em São Bernardo
Willian Novaes
Do Diário do Grande ABC
14/10/2009 | 07:29
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O que era para ser um abrigo provisório de seis meses, se transformou na residência fixa de 14 famílias, há pelo menos cinco anos, no alojamento Cora Coralina, da Prefeitura, no bairro Alto Industrial, em São Bernardo.

As estruturas dos barracões, que têm dois andares, são péssimas. As paredes foram remendadas, as colunas de madeira apresentam desgaste e o assoalho ameaça ceder: afundam com os passos de mais de uma pessoa adulta. Os moradores fizeram ligações clandestinas de energia elétrica. As fiações ficam expostas e passam pelo meio das casas.

A forte chuva e as rajadas de vento, da tarde de segunda-feira, destelharam e derrubaram paredes de diversas casas, complicando mais as situações dos moradores.

Até a tarde de ontem, as famílias ainda não haviam recebido novas telhas e madeiras da administração municipal para fazer os reparos. Algumas pessoas, que não tinham para onde ir, dormiram ao relento.

A estudante Meire Sousa, 13 anos, faltou na escola, ontem, para ajudar a mãe com a arrumação e limpeza do alojamento. "Precisamos dormir com várias roupas e todo mundo junto para não sentir frio", lembra a garota.

"Nós estamos jogados aqui. Nem cachorro é tratado desde jeito, precisamos de uma solução urgente. Estamos cansados de promessas", comenta a aposentada Augusta Rodrigues Batista, 70.

A aposentada conta que foi desalojada de uma favela que ficava na Rua da Bica, no Alto Industrial, há cinco anos, porque o barraco estava em área de risco, em local onde havia ocorrido desmoronamento. Os outros desalojados vieram da mesma área. "Aqui era para ser apenas provisório, mas já passaram cinco anos e nada. Eu só quero o meu cantinho. Será que isso é pedir muito", diz Augusta.

Segundo João Bosco, assessor técnico da Secretaria de Habitação de São Bernardo, a mudança das famílias para casa própria deve acontecer apenas em 2011, com a construção de prédios que ficaram num local próximo do abrigo.

FALTA DE HIGIENE - "Foi feita a proposta para o aluguel social, mas eles não aceitaram. Nós estamos devendo a manutenção do lugar. Uma empresa foi contratada para fazer a reforma. A promessa é que comece nesta semana", diz Bosco. Na tarde de ontem, a Secretaria de Assistência Social de São Bernardo entregou dezenas de colchões, cobertores e cartões alimentação, no valor de R$ 40, para quem teve perdas com a chuva.

A caixa-d'água do alojamento não tem tampa. Os moradores dizem que já foram encontrados pombos mortos no reservatório. Além dos ratos e baratas que circulam pelos barracos. Alguns moradores usam ratoeiras. "Meus filhos já ficaram com sarna e diarreia por causa dessa água", comenta Lidiana Correia de Lima, 29, mãe de cinco crianças.




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