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Bancos de leite sofrem baixas
Vanessa Oliveira
Do Diário do Grande ABC
03/08/2016 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


A Semana do Aleitamento Materno, que vai até domingo, traz a importância do tema e também o alerta para a situação dos estoques dos bancos de leite humano. São deles que vem a alimentação para os bebês prematuros ou internados na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Neonatal. Na região, porém, esses locais trabalham com dificuldade para prestar plenamente o serviço.

No Hospital da Mulher, em Santo André, há apenas 45 litros disponíveis, quando o ideal seria em torno de 280 litros. A média é de que, por mês, 39 bebês necessitem do leite vindo de doações.

Toda mulher saudável que esteja amamentando pode doar o leite excedente sem que isso traga prejuízo ao filho. “Podem doar mulheres que não fazem uso de medicamento que não seja compatível com a amamentação, que não fumem mais do que dez cigarros por dia e que não ingerem bebidas alcoólicas. As doadoras têm de mostrar o cartão de acompanhamento pré-natal, realizar cadastro, exames laboratoriais e passar por avaliação clínica”, explica a nutricionista responsável pelo banco de leite humano do Hospital da Mulher, Elisabete Tavares. Mais informações podem ser obtidas pelos telefones 4478-5027 ou finais 4478/5048.

Mãe de Arthur, de apenas 35 dias, a designer de interiores Camila Martins Cardoso Caslini, 28 anos, moradora da cidade andreense, contribui com o banco do hospital desde que o filho tinha duas semanas de vida. “Eu produzia muito mais leite do que o meu bebê conseguia dar conta e percebi que poderia ser uma doadora. A quantidade varia, mas chega a um litro por semana”, diz. “Tenho consciência da importância do aleitamento materno, vejo como meu bebê está crescendo saudável. Por isso quis ajudar outros bebês e me sinto muito feliz em saber que minha atitude tem ajudado ao próximo”, completa.

O banco de leite do Hospital Estadual Mário Covas, também de Santo André, conta com cerca de 80 litros no momento, mas precisaria de 120 litros.

A Secretaria Estadual de Saúde ressalta que o hospital recebe bebês com quadros clínicos graves, de diversas cidades do Estado e, por isso, as doações são fundamentais para auxiliar na alimentação desses pacientes. As mães interessadas em doar podem entrar em contato pelo telefone 2829-5000. A doadora pode coletar o leite em sua própria casa e um serviço contratado pelo hospital efetua as buscas nas residências uma vez por semana.

Em São Bernardo, no Banco de Leite do Hospital Municipal Universitário, o estoque liberado para uso é de aproximadamente 180 litros, porém, a margem de segurança para atendimento é de 300 litros. Em 2015, média de 107 bebês receberam o leite; neste ano, 80 crianças.

Contato com o banco de leite da cidade pode ser feito pelo telefone 4365-1480. Carro próprio do equipamento vai até a casa da doadora realizar a coleta, juntamente com profissional treinada.

O leite doado passa por processo de pasteurização e tem validade de seis meses.

Doar é um ato de solidariedade. Não importa a quantidade, porque mesmo pequena, ajuda a salvar a vida de muitos bebês prematuros e doentes. Às vezes, um mililitro de leite equivale a um tratamento”, ressalta a consultora para área técnica da saúde da criança e aleitamento materno do Ministério da Saúde Maria José Guardia Mattar.

 

Amamentação cruzada traz risco ao bebê, aponta OMS

 

A chamada amamentação cruzada, que acontece quando uma mãe amamenta o filho de alguma amiga ou familiar que tem dificuldade com o aleitamento, é contraindicada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e também pelo Ministério da Saúde. “Quem quiser beneficiar outra criança deve fazer contato com banco de leite e doar, porque, ao amamentar, pode estar incubando algum tipo de doença e passá-la e o bebê não terá anticorpos”, explica a consultora para área técnica da saúde da criança e aleitamento materno do Ministério da Saúde Maria José Guardia Mattar. “Já o leite doado deve ser pasteurizado e, aí, é feito todo controle de qualidade para ser distribuído com segurança”, completa.

A analista de projetos e compras Juliana Gigante de Castro, 29 anos, recorreu à ajuda da cunhada, a assistente contábil Stephanie Tinelli Brozinga Gigante, 23, ambas moradoras de São Bernardo, para manter a amamentação de seu bebê, Caíque, agora com 8 meses. “Logo que voltei ao trabalho, no dia 18 de abril, não tinha condições de sair para amamentar o Caíque tanto quanto necessário. Também não sabia se poderia e como seria para extrair e armazenar leite na empresa”, conta Juliana.

A cunhada também havia tido bebê recentemente, a pequena Ana Júlia Brozinga Gigante, atualmente com 5 meses. “Como a Stephanie ainda estava de licença e o bebê ficava com a minha mãe, ela o amamentava quando o leite que eu conseguia deixar acabava e chegou a armazenar um pouco para me ajudar com o estoque”, lembra. “Entendo os motivos da OMS para não recomendar a amamentação cruzada, mas acho que é válida em situações como a minha, onde fiz uma escolha consciente dos riscos e tive a ajuda de uma pessoa de confiança”, acrescenta.

"Prefiro que uma pessoa conhecida, praticamente minha irmã, dê o seio ou que seja o leite apenas à minha filha do que introduzir fórmula”, fala Stephanie.

As duas são doadoras de leite materno. Juliana doa, em média, 500 ml por semana. “Minha primeira filha, Alice (3 anos e 5 meses), mamou até um ano de idade e sempre foram evidente os benefícios do aleitamento materno no desenvolvimento dela. Quanto mais crianças puderem receber o alimento natural de uma mãe, mais fortes, inteligentes e felizes serão”, salienta.

Stephanie, inicialmente, chegou a doar um litro por semana, agora, envia 500 ml. Ela fala da satisfação em praticar o ato. “O mínimo que eu doar, ajudarei a salvar uma vida, por isso, fico muito feliz a cada doação.”




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