Setecidades Titulo Após três anos
Após três anos, urbanização do Capelinha está longe de terminar

Das 194 moradias prometidas pela Prefeitura
de São Bernardo, somente 12 foram entregues

Daniel Macario
Do Diário do Grande ABC
23/07/2016 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Iniciadas em 2013, as obras de urbanização do núcleo Capelinha, em São Bernardo, tem preocupado moradores que residem na área carente da cidade. O projeto, que recebe investimento do governo federal, previa a construção de 194 moradias até o fim do ano passado, entretanto, somente 12 foram entregues.

Orçado em R$ 52,7 milhões, sendo R$ 32,3 milhões com recursos da União e R$ 20,4 milhões de contrapartida da Prefeitura de São Bernardo, a intervenção anunciada pelo prefeito Luiz Marinho (PT) previa série de investimentos para os núcleos Capelinha e Cocaia, ambos localizados próximo à Represa Billings, na região do Estoril.

A expectativa inicial era assegurar moradia adequada e a eliminação de condições de risco à vida para as 931 famílias residentes e cadastradas nos assentamentos precários de ambos os núcleos. Para isso, no projeto inicial estavam inclusas a implantação de ações de regularização fundiária, além de melhorias em serviços básicos, tais como instalação de redes de água e esgoto, pavimentação de vias, drenagem e estruturas de contenção.

Na época do início das obras, Marinho declarou que no prazo de 24 meses tudo seria entregue à população, mas o que se vê hoje na prática é um cenário totalmente diferente.

“Isso tudo virou um canteiro de obras abandonadas. Onde já se viu tirar diversas famílias de suas casas para depois de três anos só entregarem 12 moradias. É um descaso com a população. Nem sequer o asfalto eles conseguem fazem. A única coisa que conseguimos de 2013 para cá foi a rede de água e esgoto”, desabafa a atendente Vanessa Aparecida dos Santos, 36 anos.

No início do ano passado, o Diário já havia retratado as dificuldades da Prefeitura em dar encaminhamento nas obras de urbanização do núcleo. Na época, as intervenções estavam totalmente paralisadas. Segundo moradores, de lá para cá, o cenário pouco mudou. “Me tiraram de casa dizendo que iriam dar outra. Já se passaram 26 meses e ainda estou no auxílio-aluguel. Pior de tudo é que nesse tempo só tenho prejuízo, pois me pagam R$ 315 e preciso desembolsar, mesmo desempregado, mais R$ 600 para completar o valor do aluguel”, relata Antonio Filho Dantas, 49.

Segundo Dantas, a revolta é ainda maior, pois a promessa era de que no terreno de sua antiga casa fosse construída uma área de lazer, porém, o que se vê hoje é um depósito de entulho. “Nem isso eles conseguiram fazer”, desabafa.

“Do que adianta ter as fundações feitas se ninguém vem aqui erguer as casas? Seria muito mais prudente fazer uma coisa de cada vez do que abrir quatro frentes de trabalho e não concluir nada”, disse o radialista Ademir Domingues Silva, 54.

Prefeitura culpa moradores por atraso na execução das intervenções

De acordo com a Prefeitura, as obras de urbanização dos núcleos Capelinha e Cocaia estão em andamento. Na área do Cocaia, a administração municipal informa que todas as obras de infraestrutura urbana foram concluídas. Foram produzidas e entregues 52 unidades habitacionais, atendendo seis famílias do Cocaia e 46 do Capelinha.

Já no caso do núcleo Capelinha, a Prefeitura afirma que em função de alterações nos projetos solicitadas pela própria comunidade, em 2014, foi necessário rever o projeto urbanístico e de obras, o que interferiu no cronograma inicial. Moradores relatam não ter conhecimento dessa alteração.

Em decorrência das mudanças, a administração somente conseguiu consolidar a urbanização e regularização fundiária de 608 moradias e entregar 12 imóveis, além de serviços de água e esgoto.

A Prefeitura relata ter seis áreas destinadas à produção de unidades habitacionais, sendo que em quatro delas as fundações foram executadas. Não foram informados prazos. 




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