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Professora denuncia agressão em escola
Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
24/06/2016 | 07:00
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Era um dia comum na vida da professora Katia Aparecida Galiotti, 49 anos. Ela aplicaria prova a alunos da turma noturna da EJA (Educação de Jovens e Adultos). Porém, ao chegar ao seu local de trabalho, a EE Cynira Pires dos Santos, no bairro Rudge Ramos, em São Bernardo, na segunda-feira, por volta das 18h, ela afirma ter sido agredida por duas mães de alunos.

Segundo a docente, que leciona Física e Matemática, as mães de alunas do 7º ano do Ensino Fundamental discutiram com ela por causa de uma postagem no Facebook. O texto da professora alerta sobre o cuidado dos pais em relação ao envolvimento dos filhos com drogas, mas não cita nenhum nome.

“Ela me segurou pelo braço e disse que era para apagar aquilo. Eu me recusei, porque não estava citando ninguém e era o meu perfil pessoal. Disse que com esse comportamento ela não estava dando exemplo para a filha dela e estava agindo como ‘maloqueira’. Então fui derrubada no chão e só senti socos e pontapés”, afirmou Katia.

Conforme a professora, funcionários tentaram tirar as mulheres e as adolescentes de cima dela, enquanto a diretora acionou a viatura da Ronda Escolar da PM (Polícia Militar). Um boletim de ocorrência de lesão corporal e injúria foi registrado no 2º DP (Rudge Ramos), indiciando uma das mães, Raquel Apolinário da Silva, 46. A outra envolvida foi enquadrada como testemunha pela polícia. Na quarta-feira a professora fez o exame de corpo de delito e entregou o resultado na delegacia.

A equipe do Diário conversou com a educadora na tarde de ontem, quando ela ainda exibia rosto inchado e machucados nos lábios. Ela, que é mãe de duas filhas, afirmou que é rígida em sala de aula, mas que nunca teve problema com as estudantes relacionadas ao caso. “Elas eram alunas normais e nosso relacionamento era bom. Chegaram até a alegar que eu tinha sido racista com um rapaz de outra classe que estava conversando com elas, o que não é verdade”, afirmou.

Já Raquel deu outra versão. Disse que a filha reclamava da professora há muito tempo, principalmente sobre a falta de explicação nas lições, por isso ela foi até a escola reclamar. “Eu também falei da postagem, porque disse que não era certo ela falar com essa linguagem sendo que era professora de jovens de 13 anos. Em nenhum momento eu a agredi, ela que veio para cima de mim e puxou o meu cabelo.”

Ela deu a mesma versão na delegacia e disse que vai dar seguimento ao caso. “A professora pegou birra da minha filha porque ela chamou um colega de racista e minha menina o defendeu. Se eu tivesse agredido ela, assumiria, mas tenho plena consciência de que a verdade vai prevalecer”, contou.

Mesmo após o trauma físico e psicológico, em nenhum momento a professora pensou em mudar de escola ou desistir da profissão. “Agora vou até o fim e só quero justiça. Quero mostrar aos pais que é importante respeitar os professores. Na nossa profissão, com todos os riscos e o salário, trabalho por amor e vou continuar assim.”

Questionada sobre o caso, a Secretaria de Educação do Estado afirmou que a Diretoria Regional de Ensino de São Bernardo lamenta o fato e informa que abriu uma apuração preliminar para elucidar o caso e tomar as providências necessárias.  




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