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Rodrigo Sanches faz solos enquanto Gabriela Quintero fornece a base
11/05/2016 | 08:30
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Rodrigo Sanchez e Gabriela Quintero estão na estrada há dez anos. Artistas mexicanos, integram o guitar duo que, desde 2006, faz música acústica instrumental, apresentando-se em palcos de todo o mundo. Quando Rodrigo conversou com o repórter, há cerca de um mês, estavam na Holanda, a caminho do México. Passaram por casa e iniciaram a turnê que os leva a se apresentar nesta quarta, 11, no Teatro Bradesco, em São Paulo.

Rodrigo estava cheio de expectativa pelo Brasil. "A música instrumental brasileira é muito rica. Vocês têm grandes percussionistas, grandes violonistas. E tiveram a bossa nova, que é uma referência para todo o mundo." Mas ele admite que o duo não terá muito tempo para desfrutar o Brasil como gostaria. "Nessas turnês, a gente funciona como um relógio. Gostaria de ter mais tempo para conhecer pessoas, a cena local, mas, infelizmente, é tudo muito rápido. E temos de nos cuidar. Gabriela teve um problema no dedo, há pouco mais de um ano. Nosso terapista nos estimula a relaxar após os shows, que exigem muito. A saúde em primeiro lugar. O custo é que a gente fica com menos ainda para desfrutar as escalas da turnê."

Rodrigo faz os solos enquanto Gabriela fornece a base, tocando e/ou usando o violão como instrumento de percussão. "Tem sido assim desde que formamos o duo." É uma história que vale lembrar. Lá atrás, influenciado por bandas como Metallica, Rodrigo gostava do som pesado, mas o rock acústico, com o tempo, foi sendo modelado (e modulado) pelo flamenco, a latinidade e a música oriental. Definiram seu estilo. Hoje, ele ri lembrando como, tendo sido rejeitados na escola de música do México, foram para Dublin e lá iniciaram na rua a carreira que os levou até... a Casa Branca. "Foi talvez a apresentação mais surreal de nossa vida. Houve um convite e uma negociação para que nos apresentássemos para (Barack) Obama, mas pensávamos que ia ser uma coisa simples, que íamos tocar de fundo durante algum jantar. Houve um jantar para 200 convidados do mundo político e, na sequência, o show. Tocamos durante 30 minutos e, depois, veio Beyoncé, para mais 30 minutos. O presidente foi encantador. Começamos na rua e tem sido um privilégio tocar para tantas plateias, em todo o mundo."

Dois trabalhos ajudaram a popularizar a dupla. Eles participaram das trilhas de Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas e O Gato de Botas. Rodrigo revela - "Gabriela e eu gostamos muito de gatos, então o convite já tinha um ponto de partida bem atraente. Os dois filmes são muito comerciais e, francamente, não são o tipo de que mais gostamos, mas a experiência foi estimulante. Diablo Rojo, do Gato, virou uma de suas nossas peças mais conhecidas. E, quando Hans Zimmer nos chamou para Piratas, deixou claro que era fã do nosso flamenco e era o que queria da nossa contribuição. Ficamos ali no estúdio, tocando e improvisando, mas sobre bases precisas. Não dá para se perder quando você tem uma grande orquestra e uma máquina inteira funcionando. Tem sido um privilégio viver essas experiências, mas, às vezes, tenho saudade da liberdade da rua."

Ambos já foram casados. Formavam um duo na arte e na vida. O casamento acabou, mas não o amor. "Pode parecer piegas, mas temos um carinho muito grande um pelo outro. Formamos uma família, e é assim que nos sentimos."

Não é fácil encher um ambiente só com o som de duas guitarras acústicas. Os shows são sempre enriquecidos por elementos visuais, mas Rodrigo diz que, muitas vezes, vale prescindir da imagem para que só o som fale. "Temos um álbum conceitual que é muito importante para nós, 9 Dead Alive. Homenageamos figuras que fazem a diferença e a maioria delas é desconhecida. Tem ali um Dostoievski, que nos ensina a entender a complexidade e o sofrimento humanos, mas os demais são referências muito íntimas. Escolhi quatro homens e Gabriela quatro mulheres que dedicaram suas vidas à preservação da natureza e dos animais. Um desses personagens é Viktor Frankl, um terapista que busca o sentido da vida. É o que nos interessa. A gente não toca só por tocar. Tem de ter um propósito." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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