Com esses sentimentos, surgiu O Louco. “Foi em uma época na qual eu não tinha certeza se teria uma bolsa de estudos ou se voltaria para o Brasil. O baralho do tarô era meu analista nestes momentos e a carta do Louco sempre aparecia,” disse. De início, seu louco era mais para bobo da corte. Seu orientador e diretor do espetáculo, Robert Steijn, pediu que buscasse suas raízes. “Ele havia vindo ao Brasil e falou dos menores de rua e mendigos que viu por aqui e me lembrou de meu trabalho social em Diadema. São esses os loucos que apresento, com seu lado inocente e suas experiências”, afirmou.
Suzana estuda desde os 9 anos. Bailarina clássica formada, fez jazz, sapateado e flamenco. Deixou a Cia. de Danças de Diadema em 1999, onde dançou e deu aulas de iniciação durante cinco anos, para aperfeiçoar sua técnica na Holanda. Vendeu o que tinha para pagar um ano de curso. No segundo ano, teve de provar que precisava de uma bolsa de estudos. Ela foi faxineira, babá e hoje atua como modelo vivo.
A vida cultural intensa de Amsterdã impressionou. “Todos participam de eventos culturais porque os preços são acessíveis. Eu pagava, como estudante, cerca de R$ 7,50 a R$ 15 por espetáculo.” Para ela, primavera e verão são as melhores épocas, porque as pessoas ficam mais felizes e muitos eventos acontecem. Sua maior dificuldade foi com o frio, tanto o do inverno como o do holandês.
“Neve é linda, mas só por dois ou três dias. Depois, enche o saco. Só tem nove horas de luz por dia. No verão, é o oposto: amanhece por volta de 6h e escurece às 23h! É lindo...” Suzana não tem muitos amigos em Amsterdã e aponta três motivos para a falta de “tato” entre as pessoas: “Primeiro, não temos contato com vizinhos; segundo, se toco em alguém quando conversamos, ele congela sem saber como reagir; e terceiro, me incomoda profundamente a falta de sensibilidade em relação a emoções.”
Suzana sente falta de dançar. “Farei algumas audições por aqui e não ficarei frustrada se não acontecer nada. Quero viajar mais, saber o que acontece em outros países.” Sua volta ao Brasil está prevista para março do ano que vem.
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