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Sesc Santo André abre as portas à vizinhança
Christiano Carvalho
Do Diário do Grande ABC
21/04/2002 | 18:40
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Encravado em meio a favelas urbanizadas, ou nem tanto, o Sesc (Serviço Social do Comércio) de Santo André abre suas portas para os vizinhos. Crianças e adolescentes carentes entre 7 a 17 anos moradores das favelas Tamarutaca, Sacadura Cabral e Vila Palmares foram cadastrados provisoriamente para utilizar gratuitamente a piscina e outras dependências do centro de cultura. Eles também poderão entrar no projeto Curumim, que atende, em tese, crianças de 7 a 12 anos filhas de comerciários, mas pode ser estendido à comunidade local.

Desde o dia 16 de março – uma semana após a inauguração da unidade –, os jovens, num total de 470, podem vir à tarde e da noite, de acordo com a turma em que foram divididos: às terças-feiras, quintas e sábados ou às quartas, sextas e sábados. Eles receberam uma carteirinha provisória válida até maio, mês que antecede o inverno e quando o movimento da piscina começa a cair. Mas para usá-la, devem estar matriculados na rede de ensino.

Segundo a gerente-adjunta do Sesc Santo André, Lilia Márcia Barra, durante o período de inscrições para comerciários houve uma grande procura pelas crianças e adolescentes da comunidade local. “A piscina foi o grande chamariz. Eles estavam loucos para entrar. Fizemos o cadastramento, até porque queríamos conhecê-los melhor e avisar os pais”, disse. Todos passaram por exame médico e ganharam shorts de banho e cadeados para guardar pertences nos armários. Além da piscina, eles podem usar a brinquedoteca, sala de Internet, biblioteca, quadras de esporte e participar de oficinas de arte, como a de origami e a de hip-hop.

Curumim – O Sesc ainda não definiu de que forma o trabalho com esses jovens terá continuidade. Mas, em razão da demanda, Lilia disse que até o segundo semestre o Curumim, que já existe em outras unidades e deve ser adaptado para Santo André. O programa dá atividades de lazer complementares às da escola nas áreas de tecnologia, educação ambiental e esporte. “Não há um conteúdo rígido. O objetivo é que as crianças desenvolvam habilidades em áreas que a escola não privilegia”, disse Lilia.

Nova opção – Com poucas opções de lazer, os jovens dos bairros Sacadura Cabral, Tamarutaca e Vila Palmares (que inclui os núcleos Gonçalo Zarco e Quilombo) vêem no Sesc uma possibilidade única de contato com esporte e cultura.

O estudante Jônatas Tomé Dantas, 12 anos, morador do Vila Sacadura Cabral, aproveita a biblioteca do Sesi para ler jornais e livros. Heber Oliveira, 15, disse que a piscina do Sesc Itaquera era a única em que tinha entrado. “É longe. Aqui, a gente fica até fechar (22h)”, disse o garoto, ao lado de vizinhos da Tamarutaca.

Os 470 adolescentes e crianças que têm a carteirinha provisória só podem usar as dependências do Sesi fora do horário escolar. “No começo, percebemos que muitos alunos matavam aula para vir para cá”, disse a assistente social Sônia Cristina Zani, responsável pelo atendimento à comunidade. “O Sesc também tem o papel social de proporcionar às pessoas acesso a coisas que elas normalmente não teriam”, afirmou a gerente-adjunta Lilia Márcia Barra.




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