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Morre o escritor Marcos Rey
Do Diário do Grande ABC
01/04/1999 | 19:50
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O escritor Marcos Rey morreu nesta quinta, às 15h15, aos 74 anos, de câncer no intestino. Ele estava internado desde terça-feira no Hospital Paulistano, na Bela Vista, em Sao Paulo. Ele está sendo velado na sede da Academia Paulista de Letras e amanha (02), às 11 horas, o corpo do escritor será cremado na Vila Alpina.

De acordo com a diretora-geral do hospital, Raquel de Oliveira, Rey foi internado na tarde de terça-feira reclamando de fortes dores na barriga. Ele foi submetido a uma cirurgia que constatou o tumor em estado avançado. Em seguida, foi internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), mas nao resistiu.

Do livro de estréia, "Um Gato no Triângulo", de 1953, ao último trabalho, "O Menino que Adivinhava", lançado no fim do ano passado, Rey publicou 31 títulos que venderam 5,5 milhoes de exemplares. O livro de estréia foi mal recebido pela crítica e vendeu cerca de 2 mil exemplares. Mas, já no segundo trabalho, "Café na Cama", de 1960, Rey venderia 30 mil exemplares.

O jornalista, tradutor, publicitário e roteirista de cinema e tevê nasceu em 1925, em Sao Paulo. Seu nome verdadeiro era Edmundo Donato. Em 1953, aos 28 anos, escreveu o primeiro livro "Um Gato no Triângulo", título relançado em 1995 pela Editora Atica.

Toda a história de Rey e seu primeiro contato com a escrita literária está nas páginas do livro "O Caso do Filho do Encadernador", da Editora Atual. Na publicaçao, ele conta que foi seu pai o responsável por ele ter se aproximado da literatura, já que era gráfico e encadernador.

Considerado um dos grandes escritores ficcionistas do romance urbano, em 1996, recebeu o Prêmio Juca Pato como o intelectual do ano. Em dezembro deste mesmo ano, Rey, que nunca pensou em pertencer à Academia Paulista de Letras, virou um de seus membros. Um ano depois, entao com 62 anos, passou a ocupar a 17.ª cadeira da APL, cujo patrono foi o escritor e jornalista Júlio Ribeiro, no início do século.

Nestes 46 anos de carreira literária, o escritor vendeu mais de 5 milhoes de exemplares de suas obras. Só "O Mistério do Cinco Estrelas" (1981), entre seus títulos de literatura juvenil, ultrapassou a marca de 1 milhao de cópias. "Sozinho no Mundo (1984)" foi seu segundo best seller: vendeu mais de 800 mil exemplares.

Alguns de seus livros de maior sucesso tiveram traduçoes para vários idiomas ou foram adaptados para o cinema e a tevê: "Café na Cama" (1960), "O Enterro da Cafetina" (1967) - levado às telas, com a atriz Henriqueta Brieba no papel da cafetina - e "Memórias de um Gigolô" (1968) - que virou primeiro filme da Paramount com o ator Claúdio Cavalcanti no papel-título e Jece Valadao no elenco, e depois, minissérie na TV Globo.

Uma de suas obras preferidas era o romance "Opera do Sabao", da editora gaúcha LP & M, na qual publicou ainda "Soy Loco Por Ti, América!" Mesmo sendo um recordista de vendas, Rey dizia que só passou a ganhar dinheiro com literatura de dez anos para cá.

Na televisao, começou em 1967, na extinta Excelsior, quando escreveu sua primeira minissérie de 20 capítulos, "Os Tigres". O programa apresentava uma novidade para a época: a multiplicidade de cenas. Apesar da falta de sucesso do programa, 30 anos mais tarde, na TV Globo, Rey lançou "Cuca Legal", uma novela humorística que virou modelo seguido por outros autores anos mais tarde. Criou ainda os roteiros dos programas "Vila Sésamo" e - em parceria com Wilson Rocha e Sylvan Paezzo - adaptou "O Sítio do Pica-pau Amarelo". Foi roteirista de várias radionovelas da antiga Rádio Excelsior.

Rey ficou de 1968 a 1977 sem publicar . Voltou à ativa com "O Pêndulo da Noite", publicado pela editora Civilizaçao Brasileira.

Quando completou 70 anos, Rey lançou o romance policial "Os Crimes do Olho-de-Boi", pela Atica. O título trazia o gordo empresário e detetive Adao Flores, que tentava desvendar casos policiais. A história tinha Sao Paulo como pano de fundo. Dois temas caros a Rey, histórias policiais e esta cidade.

Compoem ainda sua vasta obra os livros "A Ultima Corrida, Bem-Vindos ao Rio, Dinheiro do Céu, Esta Noite ou Nunca e Malditos Paulistas" - todos publicados pela Atica, editora na qual lançou 15 títulos da Coleçao Vaga-Lume, adotada em várias escolas e um dos maiores recordes de vendas na categoria infanto-juvenil. No ano passado, Rey publicou "O Fantoche", também pela mesma editora.

Rey escrevia freqüentemente artigos e crônicas na imprensa e era colaborador quinzenal da revista Veja Sao Paulo, na qual fazia crônicas sobre a cidade, alternando o espaço com o escritor Walcyr Carrasco.




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