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Morador fica livre da aprovação a pancadão
Elaine Granconato
Do Diário do Grande ABC
13/09/2011 | 07:30
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Diante da pressão e da baixa popularidade, a Prefeitura de Diadema recuou e retirou das mãos dos moradores a responsabilidade de decidir sobre a realização das festas funk em alto volume nas ruas, mais conhecidas como pancadões, que reúnem adolescentes e jovens madrugada adentro nos bairros periféricos da cidade, principalmente nos fins de semana. Ontem pela manhã, na Câmara, durante reunião com vereadores e autoridades policiais, o secretário de Defesa Social, Arquimedes Andrade, admitiu que o polêmico abaixo-assinado com a exigência de 80% de apoio poderia acuar as pessoas.

E também o item em que a Divisão de Fiscalização, da Secretaria de Defesa Social, faria a consulta aos moradores quando se tratasse dos locais das festas de rua do gênero, estilo pancadão e funkão, foi suprimido. Ou seja, a responsabilidade ainda permaneceria nas costas da população, o que foi rejeitado de imediato pelos parlamentares e entidades de classe, como o Conseg (Conselho Comunitário de Segurança de Diadema) - regional Sul.

A reunião foi fechada e a imprensa não pôde acompanhar. A equipe do Diário solicitou, no período da tarde, para falar com o secretário sobre o tema discutido, mas a Prefeitura limitou-se a responder que "só se manifestará sobre o projeto de lei, que trata da questão das festas irregulares de rua, após a apreciação pela Câmara".

Dos 17 vereadores, apenas Irene dos Santos (PT) e Talabi Fahel (PSC) não participaram da reunião de ontem. Em 24 de agosto, o governo Mário Reali (PT) protocolou projeto de lei para regulamentação das festas de rua em geral no município, inclusive o pancadão. O que não caiu no agrado dos parlamentares.

Ontem, Arquimedes Andrade apresentou um substitutivo, que não foi protocolado na Casa. "Continua sendo informal, uma vez que não foi protocolado", afirmou Laércio Soares (PCdoB), presidente da Câmara, que mantém seu posicionamento contrário à regulamentação da balada funk de rua em Diadema.

O presidente avaliou que o governo sofreu desgaste desnessário, uma vez que já existe lei que estabelece as regras sonoras. "Depois quiseram transferir para a comunidade uma responsabilidade que não é dela", alfinetou.

Para o vereador Célio Lucas de Almeida, o Célio Boi (PSB), os dois projetos são "natimortos".

 

Porteiro é atropelado durante festa, acusa família 

A família Cardoso, residente há 25 anos no Jardim Canhema, bairro da periferia de Diadema, acusa um participante do pancadão de ser o autor do atropelamento do porteiro Jorge Cardoso, 57 anos, exatamente no feriado de 7 de Setembro, quando ocorria mais uma festa irregular na Rua Santa Cruz.

Pai de cinco filhos, Cardoso saiu, por volta das 21h, para comprar um refrigerante no mercado próximo de casa. "Não andou mais do que quatro metros, quando foi atingido pela motocicleta que vinha na contramão e em alta velocidade. Arrastou meu pai pelas costas, que caiu no chão já inconsciente", contou Jemerson Cardoso, 26, um dos filhos do porteiro.

Desde o dia 7, Jorge encontra-se internado em coma na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital e Maternidade São Lucas, em Diadema. A queda brusca causou traumatismo craniano, além de sequelas graves no rosto e próximas aos olhos. "Meu marido operou a cabeça e só tenho me apegado a Deus", contou a dona de casa Maria José de Souza Cardoso, 56, mulher de Jorge.

Com misto de agonia e revolta, Maria José afirmou que os moradores têm medo de sair às ruas. "É moto pra cima e pra baixo. Eles empinam na contramão. Parece tudo doído. Aqui era uma rua tranquila", acrescentou.

A família registrou boletim de ocorrência no 3º Distrito Policial. No documento, existe a informação que o motorista da motocicleta "estava indo para o baile funk de rua". Indagado sobre o sentimento de ter o pai internado em estado grave, Jemerson foi taxativo: "Eu levei um tapa na cara e não pude reagir."

O comandante do 24º Batalhão da Polícia Militar de Diadema, o tenente-coronel Luiz Ernest Roland, confirmou que o pancadão na Rua Santa Cruz já virou " praxe". Anteontem à noite, a polícia registrou duas ocorrências - uma na mesma rua e outra no Eldorado.




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