Os desempregados que há um mês garimpavam ferro no antigo depósito de sucata da Gerdau, em Santo André, estão migrando para um terreno vizinho pertencente à Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista), na avenida dos Estados. Das cerca de 300 pessoas que trabalhavam no primeiro terreno – hoje de propriedade da UniABC –, 50 já retiram ferro da nova área. O garimpo naquela região existe quase cinco meses.

A mudança ocorreu porque a UniABC, pressionada pela Prefeitura, ergueu um muro ao longo de toda a extensão do depósito, dificultando a entrada dos garimpeiros. Apesar de a atividade resistir, os lucros com a retirada de ferro diminuíram. Antes, eles tiravam até R$ 50 por dia. Hoje, o valor máximo não passa de R$ 5. “Tem dias em que cavamos o dia inteiro e não conseguimos o suficiente sequer para pagar pela passagem de ônibus para casa”, reclamou o desempregado João Coelho, 18 anos.

A estrutura montada na antiga área acompanhou a migração, mas também sentiu os reflexos do declínio. Resta apenas uma das três barracas que garantiam a alimentação dos garimpeiros. Além de espetinhos de carne, vendidos a R$ 1, o espaço também oferece doses de cachaça a R$ 0,50 e copos com refrigerante a R$ 1,50.

Os comerciantes que compram o ferro dos garimpeiros também sentiram a mudança, já que a área não movimenta mais do que uma tonelada do produto por dia. No outro terreno, o negócio rendia mais de quatro toneladas por dia.

Nos próximos dias, os garimpeiros pretendem elaborar um abaixo-assinado pedindo mais uma vez a liberação do terreno da UniABC. “Seria um trabalho conjunto. Nós iriamos ajudá-los a retirar as peças de ferro da área, que podem atrapalhar uma futura construção”, disse o motorista desempregado Rogério de Oliveira, 27 anos.

A situação dos garimpeiros, no entanto, pode se agravar ainda mais. A Cosipa afirmou que, assim como a UniABC, pretende impedir o acesso dos trabalhadores ao seu terreno. A empresa não informou como pretende fazer isso.