Setecidades Titulo Fábrica de Sal
Sessão é adiada para a próxima semana

Ato contra demolição irrita presidente da Câmara; audiência pública está mantida amanhã

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
17/02/2016 | 07:07
Compartilhar notícia
Nario Barbosa/DGABC


Manifestação de entidades e da população contra a demolição da Fábrica de Sal, prédio histórico de Ribeirão Pires, para construção de um shopping fez com que a sessão da Câmara de ontem fosse adiada para segunda-feira. O projeto que quer acabar com o patrimônio da cidade é de autoria do prefeito Saulo Benevides (PMDB) e prevê concessão do terreno à iniciativa privada.

A reunião começou com uma hora de atraso. O vereador Renato Foresto (PT) foi o primeiro a utilizar a tribuna. Ele afirmou que na sessão de segunda-feira, cancelada por causa de queda de energia, havia funcionários comissionados da Prefeitura com cartazes a favor da construção do shopping no terreno da fábrica. “É como se essas pessoas não pudessem ter opinião própria. Não sou a favor da doação desse terreno, principalmente agora, em época de eleições”, disse. Na manifestação, que contou até com carro de som, foi questionada a ausência dos que protestaram a favor do centro comercial na segunda-feira.

Quando o presidente da Câmara, José Nelson de Barros (PSD), fez uso da palavra, houve vaias e gritos por parte da população. Irritado, ele resolveu adiar a reunião.

“Mais uma vez a Câmara toma atitude totalmente antidemocrática. Parece que alguns vereadores têm dificuldade em lidar com a população quando ela tem opinião divergente. Ao invés de abrirem a discussão, acabam agindo como criança mimada”, opinou a presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais, Mariana Cardena de Lima.

O movimento estudantil da cidade, formado por alunos do Ensino Médio, distribuiu panfletos e cartazes sobre a importância do prédio histórico. Também estiveram presentes na Câmara representantes do Conselho de Patrimônio da cidade, Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), CUT (Central Única dos Trabalhadores) e do PSTU.

TOMBAMENTO - O processo de estudo para o tombamento da Fábrica de Sal foi aberto pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) no início deste mês. Enquanto não houver resposta do órgão estadual, não pode haver nenhuma modificação ou demolição do prédio ou da chaminé.

O Diário teve acesso a ofício no qual o Condephaat notifica a abertura do processo à Prefeitura e fala sobre a questão. Apesar disso, a administração respondeu que ainda não foi comunicada oficialmente sobre o caso. “Assim que recebermos a notificação oficial, faremos a averiguação e vamos disparar nota sobre o caso”, informou.

O prédio, localizado no Centro Alto, foi fundado há 117 anos e abrigou o primeiro moinho de trigo registrado no Estado e o segundo do País. A audiência pública para debater o projeto continua marcada para amanhã, às 19h, na Câmara. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;