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Bicheiro de S.Bernardo vai a júri por homicídio
Sérgio Saraiva
Da Redaçao
29/01/2000 | 16:14
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Apontado pela promotoria pública como suspeito de ser dono de grande parte das máquinas caça-níqueis da regiao, o ex-prefeito de Iaras, José Edval de Melo Araújo, 53 anos, deve ser julgado por seqüestro e homicídio duplamente qualificado na quinta-feira, em Sao Bernardo. O crime teria sido praticado na guerra entre banqueiros do jogo do bicho da regiao. O promotor Nelson dos Santos Pereira Júnior deve atuar na acusaçao.

É a segunda vez que Araújo vai a julgamento no Tribunal do Júri de Sao Bernardo pelo mesmo crime. Ele foi absolvido no primeiro júri por 4 a 3 em 22 de fevereiro de 1995, quando ainda era prefeito. A decisao dos jurados foi anulada pelo Tribunal de Justiça em 26 de maio de 1997 por ter contrariado as provas dos autos. O julgamento deveria ter se realizado em julho do ano passado, mas foi adiado por doença do advogado de defesa.

De acordo com o processo 200/84, Araújo foi acusado, pela promotora Sônia Regina Thomé, de ter comandado pessoalmente um grupo com mais nove homens para seqüestrar e matar o cambista de jogo do bicho Ricardo Simao, 27, na noite de 27 de junho de 1984. O seqüestro ocorreu na rua Pacaembu, 676, Paulicéia, onde Simao morava com a mulher, e o corpo foi encontrado no Riacho Grande.

Ao contestar o pedido de anulaçao do primeiro julgamento, os advogados Paulo Luiz de Souza e Paulo Gustavo Palombo Luiz de Souza afirmaram que nao havia prova nos autos de que o réu era banqueiro do jogo do bicho nem de que era ele o Araújo apontado pelas testemunhas. Paulo Luiz de Souza, procurado sexta-feira pelo Diário, disse que nao sabia do novo julgamento. Ele nao quis dar entrevista.

Simao levou quatro tiros, três deles na cabeça, porque teria se recusado a continuar trabalhando para o grupo comandado pelo bicheiro Araújo, segundo depoimento à Justiça de sua mulher Vani Mara Feitosa Simao, que assistiu ao seqüestro. Um amigo de Simao, Newton Wanderley Félix de Araújo, também testemunhou o crime e foi espancado pelos oito agressores.

De acordo com o registro do crime pelo Diário, Simao tinha passado para o lado de outro bicheiro e estaria aliciando cambistas de Araújo, que identificava seus pontos com o código O Barao, presente nos caça-níqueis apreendidos em Santo André este ano.

Segundo relato ao delegado Newton Matuck, o grupo chegou na casa de Simao por volta das 21h e mandou abrir a porta dizendo-se "da polícia". Intimidado, Simao abriu a porta: os homens invadiram a casa e espancaram a vítima e o amigo, levando-os para dois carros. Ele apareceu morto três horas depois.

Um dos depoimentos mais comprometedores do processo coube a um dos co-participantes do seqüestro, Reginaldo dos Santos, preso em flagrante. Na polícia, ele disse que participara da açao sem saber que os demais pretendiam matar Simao, confirmando os nomes dos sete outros participantes. Na Justiça, ele se retratou das afirmaçoes.

O relatório final do inquérito, redigido pelo delegado Antonio Mesquita em 1984, pediu a prisao preventiva dos dez acusados. Foram apontados como participantes do crime o sócio de Araújo, Serafim Vicente, Adalberto Ribeiro, Israel Cecato, Lourival de Melo Araújo, José Paulo Piangentini, Valmir dos Santos; além de outros dois conhecidos por Roberto Barba e Brinquinho.




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