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Espaço para alunos com dificuldade de aprendizado
Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
10/05/2011 | 07:26
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"Os professores me ajudam bastante. Já estou sentindo a diferença na escola, com a mudança das notas", afirmou Ivan Fernandes Momesso, 14 anos.

Esse é o resultado do trabalho realizado pelo Espaço da Aprendizagem, em São Caetano, que oferece reforço escolar para crianças com dificuldade de aprendizado, por duas ou três horas de estudo e uma hora de relacionamento social nos períodos  manhã e  tarde.

Há três anos, a pedagoga Cintia Helena Franco Pattaro montou o espaço e, aos poucos, observou a mudança no perfil do público. "Percebi que muitas famílias não tinham condições de pagar o serviço e nos procuravam. Por isso, passei a buscar padrinhos que pudessem custear os R$ 380 (cobrados por aluno)."

Atualmente, o espaço conta com 49 alunos, sendo nove apadrinhados. Há uma lista com 68 crianças que aguardam um padrinho.

"As pessoas conhecem esse tipo de ajuda em orfanatos, mas desconhecem que o mesmo pode ser feito na educação", comentou.

Uma instituição de São Caetano apadrinhou dois garotos. "Conheci o trabalho por um amigo e achei muito diferenciado. Acompanhamos o desempenho dos alunos e acredito que muitos não fazem o mesmo porque desconhecem o trabalho", afirmou o presidente e representante comercial Luiz Carlos Ribeiro, 64 anos.

Cintia explicou que os padrinhos recebem relatório mensal sobre o aluno. "O nosso contrato é de seis meses, para que a pessoa possa encerrar ou dar continuidade no apoio."

Para a professora Andreza Papareli Neri, 34, a gratificação é a recompensa. "Temos que ter calma, porque é um processo demorado. Cada aluno tem seu tempo, suas dificuldades, mas o resultado vale a pena", avaliou.

Além do reforço escolar, o espaço conta com berçário que atende três crianças apadrinhadas. Uma delas é Andressa Ferreira, 6 meses, apadrinhada pela professora Klesia Paias Leal, 31. "Como já tinha trabalho aqui, resolvi, junto com o meu namorado, apadrinhar um bebê."

 

Pais comemoram evolução dos filhos

A analista financeira Viviane de Almeida Alves, 36 anos, não mede esforços quando o assunto é a evolução do aprendizado do filho, João Victor do Carmo, 8, que há um ano e meio é atendido no Espaço da Aprendizagem.

Ela mora no Jardim Adutora, na divisa entre Santo André e São Paulo, o filho estuda na Capital e, para não perder o atendimento, o pai de Viviane e o marido se dividem, entre levar e buscar o menino.

"Ele está há um ano e meio e tem mostrado evolução. Ele tem dislexia, e os professores o tem ajudado a ler, escrever, interpretar, e vejo bom resultado", afirmou a mãe.

O filho João tem notado melhoras. "Gosto das professoras, que me ajudam."

Para a mãe, o mais gratificante é poder contar com a ajuda de pessoas que podem apadrinhar o filho.

"Para pagar ficaria muito pesado, porque tenho outra filha. Faço meu pai e meu marido levar e buscar o João, para não ter gastos com transporte."

Outra mãe que fala orgulhosa da evolução do filho é a professora de São Caetano Simone da Roz, 38. "Ele tinha uma dificuldade de aprendizagem que a escola não estava conseguindo suprir. O trabalho no espaço foi completo, seja de leitura e interpretação", disse a moradora do bairro Santa Paula.

Para o filho, João da Roz Mafra, 10, as notas estão melhorando. "Não gosto muito de ciências, mas as professoras estão me ajudando", contou.

Para a mãe, outro progresso é que além do lado pedagógico o espaço conseguiu desenvolver o lado social. "Antes ele era tímido, não tinha amigos. Agora se tornou social", explicou Simone, que agradece pelo apadrinhamento.

"Consegui pagar por um ano, mas a sorte é que consegui ajuda, porque, caso contrário, precisaria tirá-lo."




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