Economia Titulo
Greve atinge 20%
dos bancos na região
Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
28/09/2011 | 07:23
Compartilhar notícia


Como prometido desde a semana passada, bancários de todo o País estão de braços cruzados desde ontem. A adesão à greve da categoria, no Grande ABC, atinge 100 das 500 agências (100 delas são postos de atendimento ligados a bancos). O primeiro foco de adesão partiu de mobilizações no centro expandido de Santo André, que envolve 45 agências. Mas apenas 2.000 funcionários dentre efetivo de 7.500 do ramo financeiro aderiram à greve ontem na região (26,6%).

No País, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro disse que 4.191 agências e centros administrativos de bancos públicos e privados em 25 Estados e no Distrito Federal foram afetados. São 19,8 mil agências no País. A Contraf ressaltou ser um dos maiores movimentos feitos nos últimos 20 anos, quando houve 3.864 unidades fechadas.

Hoje, o sindicato promete mobilizar o Centro de São Bernardo para engrossar o volume. A agenda seguirá nas demais cidades nos próximos dias, garante a presidente do sindicato, Maria Rita Serrano. Ela afirma que as 40 unidades da Caixa Econômica Federal nas sete cidades estão com todo o efetivo em greve. Quinze agências dentre 60 do Banco do Brasil mantiveram portas fechadas ontem. Apenas nesse banco são 400 trabalhadores. "Optamos por ir caminhando em todos os centros para ter presença em todo o Grande ABC", afirma Maria Rita.

Além disso, ressalta que trabalhadores que foram transferidos do setor administrativo de um banco privado de São Paulo para cá foram ‘convencidos' a retornarem à Capital. A instituição financeira os teria enviado como forma de fugir de pressão sindicalista em São Paulo.

FAÍSCA - O maior pilar a sustentar a decisão dos bancários é a proposta considerada aquém das expectativas, oferecida no dia 23 pela Federação Nacional dos Bancos. Nela, o índice de reajuste era de 8% - o que significa 0,6% de ganhos reais. A Contraf, pede 12,8%. Além de corrigir a inflação acumulada em um ano, o valor corresponde a 5,4% de aumento real.

Na proposta oferecida pela Fenaban aos trabalhadores, o piso de escriturários vai a R$ 1.350. A primeira das ofertas, feita pela entidade no dia 20, previa R$ 1.347,50 de aumento. O sindicato pede R$ 2.297,51. Aos caixas, o valor contraproposto na sexta-feira era de R$ 1.845,77. Piso que é R$ 3,41 maior do que a primeira proposta. Bancários brigam por R$ 3.101,64. Embora a federação ainda tenha elevado valores de cláusulas sociais, ficaram abaixo do pedido no pacote dos sindicalistas.

 

Cliente deve buscar com empresas alternativa para quitar boletos

Pagar contas sob duas greves - bancários e carteiros - requer o dobro de atenção. Isso porque o consumidor que não liquidar a fatura ou cobrança não ficará isento de multas por atraso. É o que afirma a coordenadora do Procon de Diadema, Maria Aparecida Tijiwa.

A dica da especialistas é para que os clientes busquem canal alternativo para pagamento. E o banco deve, segundo o Código de Defesa do Consumidor, os disponibilizar. Pagar nos caixas eletrônicos, pela internet ou telefone são opções. Mas com dívidas vencidas não tem jeito. Só podem ser pagas nos bancos de origem e os demais recursos não são opção nesse tipo de débito. "Infelizmente não se obstrui. O vencimento continua vigorando mesmo em greve", diz. "Se o consumidor tiver renda menor, sem internet, aí só por via judicial mesmo."

DIREITOS - O consumidor tem direito de atendimento da gerência, caso ela esteja trabalhando. Maria Aparecida conta que precisou ir até uma agência bancária e exigir do gerente, que estava trabalhando, fornecesse nova senha a um cliente que queria pagar seu carnê do carro. Serviços como água, luz ou telefone podem ser pagos por meio de segunda via, fornecida nos postos de atendimento das concessionárias.

A Fenaban disse que as alternativas são operações por telefone, internet, e lotéricas, agências dos Correios - que não estão em greve - além de supermercados, entre outros.Para localizar bancos, a entidade tem o endereço www.febraban.org.br/buscabanco para auxiliar a população.

 

Correios fazem mesma proposta e trabalhadores rejeitam

Após nova derrota dos Correios em tentar pôr fim à greve dos trabalhadores, em encontro realizado ontem entre ECT e Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares, a paralisação nacional vai continuar, entrando no 11° dia útil.

Na pauta, a companhia propôs a mesma oferta que havia sido feita e que foi retirada com o início de greve e, então, novamente discutida. Não agradou - prevê ganhos reais de R$ 50, corrigindo inflação de 6,87% no piso de R$ 807 e R$ 800 em abono.

Amanhã haverá novo encontro entre Fentect e a empresa para discutir o tema. Também está marcada, segundo o dirigente do sindicato, assembleia junto aos trabalhadores às 11h, no CMTC Clube, na Capital, para reforçar a paralisação.

Um dos principais motivos de divergências entre as partes é sobre o desconto em folha de pagamento por dias não trabalhados. Fato que vem sendo anunciado pelo governo. O Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, alegou que, como 80% do efetivo está trabalhando, não haveria condições para atender ao pedido. A empresa afirma que a paralisação prejudica quem está na ativa, porque há sobrecarga de trabalho; a população, que deixa de ser atendida, e, por fim, grevistas.

ATRASOS - No Grande ABC, na estimativa do diretor do sindicato da categoria, Anderson Lima de Moraes, o volume de correspondências não entregues soma 7,150 milhões desde o começo da greve. Isso porque apenas 100 mil objetos chegam ao seu destino dentre 750 mil encomendas diárias no Grande ABC, estima.

Ele reconhece, no entanto, que o volume de adesão caiu em São Caetano, derrubando para 70% a paralisação geral média (que era de 80%), mas que segue em 80% nos 17 centros de distribuição.

 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;