Setecidades Titulo
Famosos são lembrados no Grande ABC em Finados
Camila Brunelli
Do Diário do Grande ABC
03/11/2010 | 08:24
Compartilhar notícia


Além das milhares de pessoas que lotaram ontem os cemitérios da região para lembrar seus entes queridos, houve quem dispensasse parte do feriado para homenagear a memória de cidadãos que fizeram história no Grande ABC.

O túmulo do prefeito Celso Daniel, assassinado em 2002, por exemplo, dificilmente ficava abandonado. Responsável pelo Cemitério da Saudade, Jesus Caetano disse que em torno de 50 pessoas perguntaram pelo jazigo da família Daniel. "Foi um dos melhores prefeitos que já tivemos", disse a professora Kelly Rosa, 32. "Ele era uma pessoa simples, do povo. Eu já encontrei com ele no cinema, no shopping."

Outro político lembrado com carinho foi o prefeito de São Caetano, Luiz Olinto Tortorello, que morreu em dezembro de 2004, por insuficiência respiratória. A aposentada Cleusa Nalin da Silva chegou a trabalhar com ele. "Ele era gente boa, mesmo", confirmou. Leonilda Romano, que também estava perto da mini capela construída no Cemitério das Lágrimas para o ex-prefeito, disse que frequentemente encontra com Avelina, viúva do político, no cabeleireiro.

Em Santo André, o túmulo com maior número de curiosos era, sem dúvida, o da jovem Eloa Pimentel, morta em outubro de 2008, pelo ex-namorado possessivo Lindemberg Alves.

De longe era possível localizar a lápide da menina, por conta da aglomeração de pessoas. Um jovem com uma camiseta com a foto de Eloa cuidava do local, onde estava encostado um cartaz com um desenho do rosto da adolescente e os dizeres "dois anos de saudade". Adailton da Silva, 23, explicou que o cuidado era resultado de uma promessa feita após a morte da amiga.

Eles se conheceram pela internet e, na época da tragédia, o rapaz não pôde ir ao velório ou ao enterro. "Decidi, então, que cuidaria da lápide dela", contou. Adailton - que viu pessoalmente a garota poucas vezes por conta do ciúmes de Lindemberg - vai ao cemitério uma vez por mês. "Sempre venho no dia 19, um dia depois da morte dela."

Todos os cemitérios visitados pelo Diário tiveram movimento intenso. Alguns deles, como o Vale da Paz, em Diadema, onde houve chuva de pétalas de rosas para receber os visitantes, registrou fila de carros de três quilômetros por volta das 12h.

Meninos limpam lápides para comprar pipa

O Cemitério Jardim da Colina, no Jardim Petroni, São Bernardo, estava cheio de trabalhadores mirins que aproveitaram o feriado para arrecadar um troco. Nem sempre a renda formal é suficiente para suprir as necessidades. "Preciso comprar roupa e mandar arrumar o freio da minha bicicleta", explicou R.E., 14 anos, que passou o dia de ontem limpando lápides. "Eu esfrego com palha de aço e limão. O ácido do limão ajuda a tirar a sujeira", ensinou.

O preço do serviço é variável. "O quanto a pessoa quiser dar." A média da caixinha, segundo os meninos, foi de R$ 20.

Esse é o terceiro ano que o garoto vai ao cemitério trabalhar. No ano passado, ele faturou cerca de R$ 180, com os quais comprou roupas, pipas e ajudou a mãe. Ontem, até as 15h, ele já tinha conseguido R$ 100. "Só que eu perdi R$ 40. Coloquei no bolso e deve ter caído", lamentou. F.N., 13 anos, estava em seu primeiro ano de serviço e já tinha ido em casa deixar um pouco da féria do dia. "É cansativo, mas dá dinheiro", resumiu.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;