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São Camilo diz que tenta recuperação
Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
31/07/2004 | 18:46
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Em crise financeira, com 10 mil associados a menos e quatro clínicas de atendimento fechadas, a São Camilo Assistência Médica, com sede em São Bernardo, muda a gestão administrativa para tentar se recuperar e continuar no mercado de empresas de saúde. A estratégia, segundo o diretor-administrativo do grupo, Edevar Chamhie, é enxugar para reduzir custos e depois voltar a expandir. A empresa já chegou a ter 30 mil associados e 80% do corpo clínico de funcionários próprios. “Hoje o quadro é inverso. Mas nosso centro médico custa R$ 10 mil por mês, ante os R$ 70 mil de antes”, afirmou Chamhie.

Segundo o diretor, a crise começou no início do Plano Real. “Vivíamos um período de inflação, que deixou de existir e onerou o caixa da empresa.” Somado ao fator econômico do país, Chamhie aponta a Lei 9.656 como outro motivador para o declínio da empresa. “Fomos obrigados a oferecer ao associado todo o procedimento que antes só podiam ser determinados em contrato. A lei aboliu os planos modulares. Hoje só existem as opções com apartamento ou enfermaria.”

Os custos desta mudança, segundo Chamhie, foram absorvidos pela empresa e não foram repassados para os consumidores. O reajuste anual da operadora, para toda a carteira de clientes, foi de 11,75% (o autorizado pelo governo). “Outros custos que não repassamos foram os de aquisição de equipamentos de alta tecnologia.”

Movimento – O boicote organizado pelos médicos do Grande ABC, segundo Chamhie, foi pontual para agravar a situação da São Camilo. “Entendo a necessidade do reajuste. Sou médico e concordo, mas o São Camilo teve o atendimento da rede credenciada suspenso no período em que menos podia ficar sem os profissionais. Foi bem na transição.”

Hoje, o plano está fora da lista de empresas boicotadas pela categoria. Ainda não foi chamado para negociar, mas já antecipa que não terá como fugir da mesa de negociação: “Somos 80% da rede credenciada e se quisermos retomar o crescimento precisamos garantir o atendimento da carteira”. Para atender a internações, o diretor mantém acordos com hospitais da região. “Faço o procedimento no mesmo esquema de particular, mas com preços menores e a empresa arca com os custos para cumprir com o contrato comercial.”

A expectativa do diretor é equacionar as dívidas da empresa até o fim do ano e, a partir de janeiro, com projetos de marketing e o lançamento de planos diferenciados, retomar a carteira de associados.

Reflexo – A crise do São Camilo tem um reflexo direto no atendimento aos associados. Amália Adriano de Carvalho, 41 anos, é associada à empresa e paga mensalmente R$ 120. Em fevereiro, ela sofreu uma parada cardiorespiratória e, desde então, está em coma. Amália ficou internada 75 dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de um hospital credenciado. “Mas um belo dia, o médico deu alta e a mandou para casa”, conta a irmã mais velha Adaí Adriano de Carvalho Lopes. A empresa teria se comprometido a acompanhar a paciente em casa, porém, os procedimentos nunca teriam acontecido.

“O quadro da paciente é grave e irreversível”, rebateu o diretor do grupo, Chamhie. “No contrato está claro que o atendimento domiciliar seria cobrado à parte. Quando me proponho a remover a paciente para o hospital para fazer os exames de rotina a família não deixa e não temos corpo clínico para deslocar para as casas de todos os associados na mesma situação que ela.”




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