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Temer levará denúncia de tráfico de armas a Brasília
Delmar Marques
Da Redaçao
23/05/1999 | 19:01
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O presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), anunciou que pretende levar ao ministro da Justiça, Renan Calheiros, a denúncia publicada na ediçao de domingo do Diário que traficantes de armas sao os responsáveis pelo armamento dos criminosos que atuam no Grande ABC. "Se as estatísticas demonstram que é pequeno o número de armas roubadas, devemos discutir esse assunto para adotar medidas que efetivamente contribuam para o desarmamento e para a queda da violência", afirmou o deputado.

Por duas vezes secretário de Segurança do Estado de Sao Paulo, nos períodos 1984/85 e 1992/93, Temer considerou que o governo deve providenciar uma maior fiscalizaçao das fronteiras. "Essa responsabilidade é da Polícia Federal, e a denúncia indica que o sistema de controle do contrabando de armas deve ser aperfeiçoado e reforçado."

A reportagem publicada no domingo, que faz parte da Campanha por Segurança lançada pelo Diário há uma semana, revelou que enquanto foram registrados roubos e furtos de apenas 63 armas no primeiro trimestre deste ano, em igual período a polícia apreendeu 893 revólveres, pistolas e fuzis de todos os calibres, inclusive daqueles de venda proibida no país, e ocorreram cerca de 7,5 mil roubos de carros por assaltantes armados. Para a média de duas armas roubadas a cada três dias, no mesmo período ocorreram nove homicídios, 30 armas foram apreendidas e 250 veículos foram levados de motoristas intimidados por um revólver.

O atual secretário de Segurança Pública do Estado de Sao Paulo, Marco Vinicio Petrelluzzi, disse que já tinha percebido o crescimento do tráfico de armas no mercado paulista. "O problema é o contrabando que vem do Paraguai, para onde sao exportadas armas brasileiras que depois retornam ilegalmente para o país, assim como voltam os cigarros que saem sem pagar impostos."

Petrelluzzi considerou a criaçao de uma força tarefa da Polícia Federal dedicada especialmente ao combate ao tráfico de armas anunciada pelo ministro da Justiça uma idéia que deve necessariamente sair do papel o mais rapidamente possível. "Cada nova arma que chega é uma ameaça em potencial para a vida dos cidadaos."

O comandante geral da Polícia Militar, coronel Rui César Melo, lembra que foram apreendidas mais de 30 mil armas em todo o Estado este ano, mas nem por isso os índices de criminalidade foram reduzidos. "Parece até que a cada arma que recolhemos estamos contribuindo para aumentar o volume de crimes, pois os bandidos voltam a assaltar para adquirir um novo armamento que encontram facilmente no mercado negro."

O fato de nao ter sido registrada nos últimos cinco anos a prisao de um único traficante de armas no Grande ABC nao constrangeu o secretário Petrelluzzi, entretanto. "A repressao ao tráfico de armas é de responsabilidade do governo federal." O coronel Melo justificou o fato alegando que a PM prende os bandidos que encontra armados, mas a investigaçao sobre a procedência desse armamento também deve ser feita pela Polícia Federal.




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