Setecidades Titulo Educação
Cinco escolas são desocupadas

Alunos também deixaram Diretoria de Ensino;
20 instituições seguem ocupadas no Grande ABC

Nelson Donato
Yara Ferraz
08/12/2015 | 07:07
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André Henriques/DGABC


Embora encontro no domingo tenha decidido manter as escolas estaduais ocupadas na região, alunos de cinco delas deixaram as unidades ontem, sendo três em Santo André, uma em Ribeirão Pires e uma em Mauá. A Diretoria de Ensino andreense também foi desocupada. Os jovens fizeram assembleias internas e, após pressão da direção em vários casos, saíram dos prédios.

Para hoje está programada a desocupação da EE José Carlos Antunes, em Santo André, e até o fim da semana, o mesmo deve ocorrer na EE Professor Leico Akaishi e na EE Álvaro de Souza Vieira, ambas em Ribeirão Pires.

Ontem, alunos da EE Senador João Galeão Carvalhal, EE Valdomiro Silveira e EE Professor Oscavo de Paula e Silva, as três em Santo André, além de estudantes da EE Santinho Carnavale, em Ribeirão, e EE Professora Iracema Crem, em Mauá, optaram pela saída. Segundo a estudante Gabrielli Andrade da Silva, que faz parte da Upes (União Paulista dos Estudantes Secundaristas), o movimento contra a reorganização da rede estadual continuará. “No encontro de domingo, revolvemos manter as ocupações onde o movimento está mais forte. Já onde perdeu força, os estudantes decidem se deixam as escolas.”

Questionada sobre o assunto, a Secretaria Estadual de Educação informou que aguarda as demais unidades serem desocupadas para que se cumpram os 200 dias letivos. Cada uma definirá o tempo de reposição, já que depende da data da ocupação.

A saída dos estudantes foi complicada em algumas escolas, caso da EE Professora Iracema Crem. “Os jovens sentiram que sofreriam retaliações. Isso porque a direção dizia que eles estavam depredando o prédio, o que não era verdade”, explicou o coordenador da Apeoesp na cidade, Vanderlei Nepomuceno, ao justificar a decisão pela desocupação.

Conforme o coordenador, as atividades deverão ser normalizadas somente amanhã, já que hoje é feriado de aniversário da cidade.

No total, 20 escolas permanecem ocupadas no Grande ABC, entre elas a EE Diadema, pioneira do movimento em todo o Estado, onde a ação segue por tempo indeterminado. Os estudantes reivindicam o cancelamento da reorganização da rede estadual, além de melhorias estruturais no ensino. Eles também alegam manobra do governo estadual para enfraquecer o movimento ao anunciar a suspensão do processo na última semana.

Para o coordenador da Apeoesp (Sindicato dos Professores de Ensino Oficial do Estado de São Paulo) em Ribeirão Pires, José Alberto Gomes, apesar do adiamento da reorganização, a luta continua. “Os alunos devem seguir reivindicando seus direitos. Estas ações foram o começo de algo maior. Eles (os estudantes) merecem todos os créditos, é um movimento totalmente deles.”

De acordo com o diretor da Umes (União Municipal dos Estudantes Secundaristas) em Santo André, Marcos Paulo Figueira, os alunos e as entidades estudantis permanecerão em alerta. “Desocupamos alguns colégios, mas não fecharemos nossos olhos. Acreditamos que agora terá início uma fase de intensas conversas e é para isso que estamos nos preparando. Queremos debater a qualidade do ensino.”

Para amanhã, às 17h, ato contra a reorganização escolar está programado para acontecer em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand), na Capital. As aulas nas instituições desocupadas têm previsão para serem retomadas hoje.

Clima de tensão marca a saída de estudantes do Galeão Carvalhal

O ato de devolução do prédio da EE Senador João Galeão Carvalhal, em Santo André, foi marcado por clima tenso por conta das dificuldades de diálogo impostas pela direção da escola.

Para desocupar a instituição, os estudantes exigiram que fosse montada comissão formada por professores, pais e integrantes da direção, a fim de realizar vistoria nas dependências. A diretoria só aceitou integrar a comitiva após mais de meia hora de negociações. Policiais militares também participaram da vistoria.

O estudante Antônio Andrade, 17 anos, relata a pressão sofrida por ele e seus colegas durante a ocupação. “Foi muito complicado. Sofremos diversas tentativas de sabotagem e a gestão da escola foi ausente. Apesar de tudo, estou muito feliz e aliviado. É bom saber que garantimos os direitos dos alunos mais novos.”  




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