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Desigualdades ainda são marcantes no Ensino Superior

Estudo do IBGE indica que é baixa a proporção de estudantes oriundos das regiões mais pobres do País e de negros na faculdade

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
08/12/2015 | 07:00
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Embora o acesso ao Ensino Superior tenha sido ampliado entre 2004 e 2014, ainda é baixa a proporção de jovens com idade entre 18 e 24 anos que frequentam faculdade no País. Além disso, a SIS (Síntese de Indicadores Sociais), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na semana passada, indica que as desigualdades ainda permeiam esta etapa do conhecimento, tendo em vista número baixo da população preta e parda e de alunos oriundos das regiões mais pobres do Brasil nas instituições deste segmento.

A proporção dos estudantes que frequentavam o Ensino Superior passou de 32,9% em 2004 para 58,5% em 2014. O número é resultado das políticas de acesso a esta etapa do conhecimento, como é o caso dos programas federais ProUni (Programa Universidade Para Todos) e Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), considera o gestor do Inpes/USCS (Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano), Leandro Prearo.

Entretanto, a análise das condições de vida da população brasileira também mostra que, mesmo com a população preta ou parda ultrapassando a metade do total de residentes no Brasil desde 2008 (50,6%), a proporção dos estudantes de 18 a 24 anos pretos ou pardos que cursavam faculdade em 2014 era de 45,5%, contra 16,7% em 2004. Entre os brancos, essa relação passou de 47,2% para 71,4%. “Essa distância ainda é muito grande. E isso é consequência do que ocorre na base da Educação. É preciso fazer com que a população tenha acesso aos ensinos Fundamental e Médio”, destaca Prearo.

Conforme a pesquisa, a proporção de pessoas com idade entre 20 e 22 anos que concluíram o Ensino Médio passou de 45,5% para 60,8% no período. Entre os negros, a relação subiu de 33,4% para 52,6%. “Se pensarmos que 39,2% da população jovem não terminou a Educação Básica e que praticamente metade dos negros está nesta situação, chegamos a um problema que precisa ser solucionado. E só estamos falando de acesso. Qualidade é uma questão à parte”, ressalta o especialista.

Quando analisado o ingresso no Ensino Superior dividido entre as cinco regiões do País, o SIS revela que os menores percentuais de estudantes matriculados estão no Norte (passou de 17,6% para 40,2% no período) e Nordeste (16,4% para 45,5%). “É necessário investimento maciço na Educação Básica por parte dos governos. Isso é o que os países de primeiro mundo fazem”, acrescenta Prearo.

Censo revela alta do número de matrículas entre 2013 e 2014

A Educação Superior brasileira registrou 7,8 milhões de matrículas na graduação no ano passado, aumento de 6,8% em relação a 2013, que teve 7,3 milhões de matrículas, segundo o Censo da Educação Superior 2014, divulgado na sexta-feira pelo MEC (Ministério da Educação).

No ano passado, 3,1 milhões de estudantes ingressaram em cursos de graduação, 82,3% deles em instituições privadas (2,5 milhões), enquanto 548,5 mil ingressaram em instituições públicas. A rede pública, entretanto, tem a maior participação nas matrículas ligadas à pós-graduação. Em 2014, das 299.355 matrículas em cursos de pós-graduação, 170 mil foram em instituições federais, 79.633 em estaduais e 1.335 em municipais.

Parte dessa expansão se dá pelo aumento do número de matrículas na rede federal de Ensino Superior, que cresceu 3,7% em relação ao ano anterior, com 1,1 milhão de matrículas. 




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