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São Caetano decide desalojar asilo
Elaine Granconato
Do Diário do Grande ABC
19/12/2002 | 20:35
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A menos de uma semana do Natal, 22 idosos homens e mulheres, entre 64 e 99 anos, que vivem no Grupo Luz Assistência e Orientação, em São Caetano, estão prestes a ser desalojados. A Prefeitura decidiu retirar a instituição de um imóvel público no bairro Barcelona onde funciona há 33 anos. No terreno de 1,2 mil m², a administração pretende instalar o primeiro hospital-dia da cidade para tratamento neuropsiquiátrico.

Fundado em 1º de julho de 1970, o grupo funciona em um prédio de dois andares, construído nos anos 80 pela instituição, no número 250 da alameda Cassaquera. O prédio, onde ficará o hospital-dia, é subutilizado, segundo a Prefeitura. O terreno foi cedido em comodato por 20 anos em 1977, na gestão do ex-prefeito Walter Braido. Mas, apesar do término da cessão, o grupo, presidido até a sua morte, no ano passado, pelo ex-diretor legislativo da Câmara, Delfe de Paula Coelho, pôde se manter no imóvel até agora. O atual prefeito, Luiz Tortorello, pede a “imediata restituição do imóvel com todas as suas benfeitorias”, segundo ofício do último dia 27 e assinado por Tortorello.

Em uma reunião com a promotora Maria Izabel do Amaral Castro, responsável pelos casos envolvendo a defesa de direitos de idosos, a Prefeitura se compromete a reabrigá-los em outras entidades de São Caetano. O diretor de Assistência Social e Cidadania de São Caetano, Heitor Pontes, aguarda a lista dos 22 idosos para cuidar do “reabrigamento” em outras instituições, “até fora do município”.

Pontes disse que no último levantamento feito por sua diretoria, em 2001, 60% dos abrigados do Grupo Luz “não pertenciam a São Caetano” e que 80% deles pagavam a “estada”. “Tenho de encontrar as vagas necessárias o mais rápido possível, mesmo se fora do município.” Mas ele não sabe ainda para onde os internos poderão ser transferidos, nem se as entidades de São Caetano comportam a demanda.

A presidente do Grupo Luz, Margarida Flamini, voluntária há 19 anos, disse que, dos 22 idosos, dois têm responsáveis que moram em São Paulo e o restante é de São Caetano. “Mas assistência não tem fronteiras”, rebateu, ao ressaltar que 17 internos contribuem mensalmente com R$ 200 e um com uma aposentadoria de R$ 370. Outros quatro estão isentos. “Não obrigo ninguém a pagar. É uma contribuição espontânea que ajuda nas despesas diárias da casa.” O custo mensal para manter a entidade é de R$ 9,1 mil.

Ocioso – Para Pontes e o assessor jurídico da Prefeitura, Antonio Gusman Filho, o espaço cedido ao Grupo Luz é exagerado. “É um prédio gigantesco para um número reduzido de pessoas”, disse Gusman Filho. Segundo o advogado, a Prefeitura irá recuperar o imóvel e fazer adaptações. O prédio de dois andares, além do piso térreo, tem 600 m². Há menos de um mês, as obras de ampliação do segundo pavilhão – também de 600 m² – foram paralisadas a pedido da Prefeitura. “O prédio foi por nós construído com muito trabalho, com a realização de eventos e busca de donativos com empresas diversas. Agora querem tirar da gente, depois de velhos, nossa casa”, afirmou Margarida.




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