Mais oito moradores do Jardim Camila, em Mauá, estão em observação desde esta segunda no Hospital Nardini, sob suspeita de estarem infectados com a doença misteriosa que já matou três pessoas de uma mesma família que morava no bairro na semana passada. São sete crianças e um adulto. Todos apresentam pelo menos a combinação de dois sintomas apresentados pelas três pessoas que morreram: dores pelo corpo, dor de cabeça, febre alta, vômito, diarréia. As possibilidades da doença, segundo infectologistas, são três: hantavírus, leptospirose ou meningite meningocócica.

De acordo com a secretária da Saúde da cidade, Vilma Maria dos Santos, todos os suspeitos moram no Jardim Camila e passaram pela triagem feita pela unidade de saúde do Jardim Primavera, que atende os moradores da região. Procurado nesta segunda pelo Diário, o prefeito Oswaldo Dias não quis comentar o assunto e sua assessoria de imprensa informou que a secretária da Saúde fala em nome da Prefeitura.

O grupo está sendo submetido a uma bateria de exames, desde cultura de amostras de sangue e urina até a extração de líquor da medula óssea. “A internação dessas pessoas ocorrerá caso seja constatada alguma alteração no resultado desses exames”, afirmou a secretária da Saúde. Até o início da noite desta segunda, apenas uma pessoa que apresentava a combinação dos sintomas era mantida em isolamento, a telefonista E.M.P., 23 anos, internada desde sábado no Nardini.

Amiga da família vítima da doença, a telefonista foi levada às pressas ao hospital após manifestar dores pelo corpo, febre alta, dores de barriga e vômitos. Segundo familiares, ela apresentava vários dos sintomas. Durante todo o fim de semana, ela permaneceu isolada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), onde foi acompanhada por uma equipe formada por nove médicos.

Nese período, os sintomas foram desaparecendo pouco a pouco e, segundo boletim médico divulgado nesta segunda à tarde pela secretária da Saúde, não se manifestam mais. Na manhã desta segunda, a telefonista foi transferida da UTI para um quarto. Caso seu quadro clínico melhore, ela pode receber alta nos próximos dias. Os pacientes que estão em observação no Hospital Nardini devem ser submetidos a essa mesma estrutura caso apresentem agravamento no quadro clínico.

Medo – Com medo de um possível contágio, nesta segunda 60 pessoas procuraram a UBS (Unidade Básica de Saúde) do Jardim Primavera, que atende o bairro. O volume é 50% superior do que a média diária de atendimentos, em torno de 40 consultas. A maioria dizia apresentar algum dos sintomas da doença misteriosa. Para não causar tumulto, a secretaria encaminhou ao posto dois médicos.

A secretária garantiu ao Diário que estará preparada para enfrentar um possível surto da doença. “Até o momento, não existe motivo para temor ou alarde. Os indícios nos levam a acreditar que a doença tenha se restringido apenas às três pessoas que morreram”, afirmou a secretária. No IML (Instituto Médico-Legal) de Santo André, foram retiradas amostras de órgãos do metalúrgico Fábio Júnior da Silva, 24 anos, e de sua cunhada, a estudante Jaqueline Oliveira, de apenas 16. Os dois morreram na quinta-feira e o material está sendo analisado no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo.

O resultado dos primeiros testes devem ficar prontos em dez dias. A expectativa é que com os resultados em mãos, a doença seja identificada. Nesta segunda, numa entrevista coletiva, o secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, apontou duas possibilidades: leptospirose e meningite meningocócica. Infectologistas ouvidos pelo Diário cogitam ainda a possibilidade de contágio por hantavírus.