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Mãe faz vigília à beira da Billings
Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
10/05/2011 | 07:31
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André Henriques/DGABC


As companhias da doméstica Lourissandra Nunes dos Santos, 32 anos, são a garrafa de café e os degraus de pedra do antigo clube Rosa Mística, em São Bernardo. Às margens da Represa Billings, a mãe vive momentos de angústia à espera de notícias sobre o filho Ewerton Nunes dos Santos, 12 anos, que desapareceu após cair de um jet ski, sexta-feira.

O Corpo de Bombeiros realiza buscas desde sábado, mas o menino ainda não havia sido encontrado quando os trabalhos foram encerrados, ontem, às 18h. Lourissandra perdeu as esperanças. "Só quero enterrá-lo", disse. As buscas serão retomadas hoje, a partir das 9h, mas os bombeiros afirmaram que as chances de encontrar o adolescente são mínimas.

Segundo a mãe, Ewerton não teve aulas na sexta-feira. Quando ela chegou do trabalho, foi avisada por um dos cinco filhos que ele não tinha retornado para casa. "Soube que a turminha veio para cá pelos vizinhos. Quando cheguei, encontrei os meninos chorando e as roupas, os tênis e a bicicleta do meu filho jogados na grama", afirmou. A família vive no bairro Divinéia, há dois quilômetros do local.

No BO (Boletim de Ocorrência), registrado no 3º DP (Distrito Policial) da cidade, o piloto do jet ski, o engenheiro Marcelo Rodrigues Cervantes, declarou ter levado Ewerton e o colega Thiago da Silva Pereira, 13, para passear a pedido deles. Durante uma manobra, os três caíram na água, mas Ewerton não voltou. Cervantes acionou a Guarda Civil Ambiental, que comunicou o Corpo de Bombeiros. O Diário tentou entrar em contato com Cervantes na tarde de ontem, sem sucesso.

O pai de Thiago, o ajudante geral Vagner Pereira, 39, disse que o piloto do jet ski apresentava sinais de embriaguez. "Pedimos exame de sangue quando registramos o BO, mas disseram que estava tarde. Isso acontece porque somos gente simples", protestou.

Lourissandra também reclamou da conduta dos bombeiros. "No fim de semana, eles diziam que iam começar as buscas as 9h, mas só chegavam depois do almoço", relatou. O marido da doméstica, Raulf Michel Azevedo, 25, pediu a um conhecido que tem um barco para ajudar nas buscas.

INVESTIGAÇÃO
Segundo a delegada do 3º DP (Distrito Policial), Teresa Alves de Mesquita Gurian, o caso foi registrado como desaparecimento. "O condutor do jet ski só foi à delegacia às 21h, sendo que o desaparecimento foi por volta das 15h. Seria difícil ele ainda apresentar sinais de embriaguez, e ele também poderia se negar a fazer o exame toxicológico", explicou.

Isso, porém, não descarta o fato de que, quando o corpo for encontrado, Cervantes responderá por homicídio. "Ouviremos testemunhas e, caso se comprove que ele ingeriu bebida alcoólica ou que não tinha a documentação da embarcação, poderá responder por homicídio com dolo eventual (no qual não há intenção, mas se assumem os riscos)", destacou.

Caso contrário, Cervantes poderá pegar de um a três anos por homicídio culposo (sem intenção de matar).




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