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Homem morre à espera de socorro em Sto.André
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
13/11/2003 | 23:07
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O serralheiro Enildo Santiago da Silva, 51 anos, morreu na madrugada desta quinta após esperar por quase quatro horas pela chegada de uma ambulância. Silva estava internado no PA (Pronto Atendimento) Bangu, em Santo André, e seria transferido para o CHM (Centro Hospitalar Municipal) da cidade, devido à gravidade de seu estado de saúde.

“Se não fosse esse atraso, meu pai ainda poderia estar vivo”, afirmou um dos filhos do serralheiro, o soldador Willian dos Santos Silva, 28 anos. O serralheiro tinha tuberculose e desenvolveu a doença há um mês. O tratamento, à base de antibióticos, estava sendo feito em casa. No último domingo, ele teve uma recaída.

O serralheiro tinha dificuldades para se alimentar. Na noite desta quarta, seu quadro clínico se complicou e ele passou a escarrar sangue, algo comum entre tuberculosos, mesmo os que ainda apresentam o quadro inicial da doença. Assustada, sua mulher alertou os filhos sobre a situação. Willian colocou o pai no carro e o levou para o PA Bangu.

Os dois chegaram ao posto às 20h30. Dez minutos depois, ao tomar conhecimento da situação, um médico de plantão solicitou uma ambulância para transferir Silva ao CHM de Santo André. Em nota oficial divulgada quinta à tarde, a Secretaria da Saúde da cidade afirmou que, no CHM, uma equipe médica iria “avaliar a possibilidade de uma intervenção cirurgica” para conter o sangramento.

Enquanto aguardavam a ambulância, os médicos do PA aplicaram soro no serralheiro. Durante a espera, Silva começou a sentir-se mal. Familiares disseram que, por volta da 23h, sua pressão caiu “vertiginosamente”. “Ele começou a salivar sangue com mais intensidade e também espumava pela boca. Estava agonizando”, afirmou Willian.

“Eu me ofereci para levar meu pai ao CHM. Eles (os médicos) disseram que seria arriscado e que deveriamos aguardar a chegada da ambulância”, disse o soldador. Segundo a Secretaria da Saúde, o veículo chegou ao PA por volta de 0h20. Mas era tarde para levar o serralheiro ao CHM. Seu estado era muito grave e o transporte seria arriscado.

Os médicos ainda tentaram reverter a situação ali mesmo, no PA. Também não foi possível. Silva morreu por volta de 0h40. “Foi revoltante”, definiu Willian quinta à tarde, durante o velório do pai, no cemitério do Curuça, em Santo André. O soldador registrou o caso no 2º Distrito Policial da cidade. Um inquérito deve ser instaurado para apurar as circunstâncias da morte




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