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Corrida e Parada Gay provocam caos no trânsito de Santo André
André Vieira
Do Diário do Grande ABC
09/11/2009 | 07:10
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A interdição das principais vias do Centro de Santo André para a organização da 5ª Parada do Orgulho Gay e do Mexa-se - evento de corrida e caminhada -, realizados ontem, foi a justificativa para o atraso de dezenas de estudantes que fariam a prova do Enade (Exame Nacional de Desempenho do Estudante) e perderam a avaliação por não conseguirem chegar a tempo nas escolas em virtude do congestionamento.

Segundo os estudantes, cerca de 70 pessoas foram impedidas de fazer o antigo Provão. "Eu demoro dez minutos da minha casa até a EE Doutor Américo Brasiliense, onde faria o teste. Hoje (ontem), por conta dos bloqueios, fiz o percurso em 30 minutos", reclamou uma aluna.

Além do fechamento do trânsito, os discentes se queixaram da falta de procedimento padrão para o controle de entrada da prova, uma vez que algumas escolas concederam limite de tolerância para atrasos e outras não permitiram a entrada depois das 13h.

Alegando que foram prejudicados, 31 estudantes registraram boletim de ocorrência no 1° Distrito Policial de Santo André. "Cheguei até um pouco antes, mas não me deixaram entrar", afirmou Rogério Vagner de Oliveira, 41, que se formou em Marketing.

A Prefeitura de Santo André informou que tomou todas as providências para garantir o bom funcionamento do trânsito, com esquema especial de funcionários para orientar e fazer a segurança, e com sinalização adequada.

EXAME
O Enade serve para avaliar instituições e cursos. Para os estudantes, a presença é necessária para garantir o registro do diploma pelo Ministério da Educação. A possibilidade de não receberem o diploma por terem perdido a prova era o maior receio dos alunos.

Celebração da diversidade sexual vira protesto

A 5ª Parada Gay de Santo André não ocorreu como previsto. Dos 50 mil manifestantes esperados, apenas 4.000 se reuniram para o evento. E o que era para ser uma comemoração em prol da diversidade sexual virou conflito. Uma discussão entre a ONG ABCDS (Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual), a Polícia Militar e a Prefeitura de Santo André se formou logo no início da tarde.

A confusão começou quando a Polícia Militar não autorizou a circulação de trios elétricos pelas avenidas. "Verificamos que os dois caminhões estão modificados, porém, as documentações não contêm essas alterações", explicou o capitão da Polícia Militar Vlamir Machado, responsável pela segurança do local.

O desentendimento foi praticamente uma reprise do ano passado, quando os carros também foram proibidos de circular por falta de documentação. Para o presidente da ONG, Marcelo Gil, a polícia é contra o movimento. "A Polícia Militar não aceita o movimento LGBT de Santo André."

A diretora do Departamento de Humanidades da cidade, Simone Garcia, admitiu que o evento não saiu como esperava. "Estamos organizando a festa desde setembro para evitar problemas, mas a PM não trabalha na mesma sintonia", afirmou. A vice-prefeita de Santo André, Dinah Zekcer, também foi contra. "Se tinha alguma coisa errada, devia ter sido avisada antes."

Representantes da ONG e da prefeitura chegaram a discutir com a polícia. "Proponho fazer um luto silencioso porque querem acabar com nosso direito de ir e vir", falou o apresentador Léo Áquila ao microfone, incentivando uma caminhada pacífica dos manifestantes até a Avenida Firestone. Um trio elétrico foi deslocado para o local e tocou músicas eletrônicas antes da finalização do protesto. O evento se encerrou por volta das 18h com hino oficial da parada. (Raquel de Medeiros)

Organização pode receber multa por direitos autorais


A organização do movimento ainda pode enfrentar problemas com o Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), que cuida dos direitos autorais de compositores. "Este é o segundo ano em que a ONG usa músicas de artistas sem pagar direitos autorais. Pode haver multa e interdição do próximo evento organizado pela Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual", avisou o técnico de arrecadação do Ecad, Sérgio Pereira da Silva.

CURIOSIDADE

A 5ª Parada Gay de Santo André, que teve como tema A Solidariedade na Luta contra a Homofobia, atraiu curiosos.

"Todos têm direito a ter espaço. O planeta é tão grande, cabe todo mundo", disse a dona de casa Ilma Fernandes, 43 anos, que foi com o marido e o filho ao evento. "Tivemos curiosidade de conhecer."




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