Odiadas pelos motoristas e defendidas pelos pedestres, as lombadas ou quebra-molas, como ficaram conhecidas, só podem ser instaladas com base em uma série de recomendaçoes do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) desde a criaçao do novo CBT (Código Brasileiro de Trânsito). Passados quase dois anos do prazo estabelecido para os municípios se adequarem às novas regras, as cidades do Grande ABC parecem ignorar os padroes e critérios exigidos.

A reportagem do Diário percorreu as principais ruas e avenidas das sete cidades e constatou que a sinalizaçao deficiente ou mesmo inexistente é o maior problema. O Contran exige a colocaçao de placas com o limite de velocidade e de advertência de lombada antes do obstáculo e sobre esse - a última deve ter seta de indicaçao.

Além disso, a lombada precisa ser pintada de amarelo ou com faixas oblíquas. Em Mauá, Ribeirao Pires e Rio Grande é comum encontrar lombadas sem pintura alguma ou com a pintura gasta.

Mesmo obstáculos colocados em locais permitidos, como em frente a escolas e hospitais, nao têm sinalizaçao correta. É comum também encontrar placas escondidas pela vegetaçao ou por outras placas. "A falta de sinalizaçao pode tornar o local mais perigoso do que era antes da lombada", disse o diretor do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), Délio Cardoso.

A colocaçao de lombadas só é permitida quando nao há outras alternativas que sejam eficazes para reduçao de velocidade e evitar acidentes. A prefeitura ou a autoridade de trânsito responsável deve monitorar o local por pelo menos um ano, para verificar se a lombada ajudou a diminuir os índices de acidente.

De acordo com Délio Cardoso, a autoridade de trânsito precisa justificar a colocaçao e a manutençao desse tipo de recurso em determinado local. "Os municípios precisam se adaptar aos sistemas modernos de orientaçao no trânsito. Para se colocar uma lombada, é preciso ter a certeza de que é o único meio cabível para o local", informou.

O Contran permite que os obstáculos sejam colocados em vias locais que tiverem velocidade máxima de 30 km/h. Muitas vezes, sao instalados em vias que possuem limite de velocidade maior, como pôde ser observado sobretudo em Sao Caetano e Diadema.

Outra irregularidade comum é a colocaçao de lombadas em vias por onde circulam ônibus de transporte coletivo. Segundo o diretor do Denatran, evitar obstáculos nessas vias é uma questao de bom-senso. "É preciso pensar na segurança do passageiro, que muitas vezes viaja em pé", lembrou.