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Especialistas criticam urbanização com palmeiras
Rita Norberto
Do Diário do Grande ABC
28/09/2002 | 19:52
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Assim como muitos moradores de Santo André alguma vez já questionaram, especialistas afirmam: não há sentido em se plantar palmeiras em grandes centros urbanos. Um dos principais motivos, afirmou Cândida Vieira, professora-doutora em Ciências e especialista em Botânica da Universidade Metodista de São Paulo, em São Bernardo, é que as palmeiras não conseguem realizar bem as funções que deve ter uma árvore em uma cidade: fazer sombra, refrescar o ar e, especialmente, realizar a fotossíntese, que é a absorção do gás carbônico produzido pelos veículos e a liberação de oxigênio.

Em Santo André, cidade da região que mais investiu em palmeiras, o plantio faz parte de um projeto de revitalização paisagística chamado Projeto Cidade Botânica, iniciado em 1997. Segundo o Departamento de Parques e Áreas Verdes (Depav), existem hoje 1,4 mil palmeiras, de 130 espécies diferentes, trazidas de viveiros espalhados pelo Brasil.

Segundo a professora, essas palmeiras estão fora de seu habitat natural, porque esse tipo de planta necessita de muita água e vive bem em lugares úmidos, como à beira-mar.

A professora percorreu Santo André e observou vários pontos onde as palmeiras foram colocadas. “Se o objetivo era ornamental, ele não foi alcançado. Quase todas elas estão feias, secas, com folhas rasgadas. As palmeiras precisam de muita água, porque transpiram 90% do que consomem”, disse. Fora de seus ambientes naturais, segundo ela, as palmeiras acabam morrendo.

Opinião semelhante tem o professor titular de Inventário Florestal Hilton Thadeu Zaratae do Couto, do Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agriculta Luiz de Queiroz, da USP, em Piracicaba. “Palmeiras são de regiões próximas ao mar ou de regiões úmidas do interior”, explicou.

Outro ponto muito criticado pelos especialistas é o transplante de árvores adultas para substituir as que morrem. Segundo eles, o processo é caro e as chances de a árvore transplantada morrer é alto. O Depav não informa quantas palmeiras já morreram na cidade. “O transplante de árvore é o procedimento mais caro que existe em arborização urbana, e o risco de a árvore morrer é grande, porque retiram sua raiz, transportam em caminhões e replantam em um novo local”, afirmou o professor.

De acordo com o diretor do Depav, Luiz Henrique Zanetta, o trabalho de transplante é realizado com sucesso e visa ganhar tempo na revitalização, entre oito e 40 anos. Segundo ele, não há risco de morte das árvores. “Transplantamos apenas aquelas espécies que tenham índice de revigoramento acima de 60%”, garantiu. A Prefeitura afirmou que o preço de cada uma varia de R$ 250 a R$ 1,5 mil, dependendo da espécie. A média paga pela cidade foi de R$ 400 por muda. O plantio custa em média R$ 40 por planta, incluindo o transplante.




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