Os pais dos alunos do colégio particular Jatobá, de Santo André, têm demonstrado total confiança na instituição de ensino, mesmo após surto que atingiu mais de 50 dos 400 estudantes da escola desde sexta-feira. Os casos confirmados de infecção gastrointestinal, com quadros de diarreia, dor abdominal, vômito, febre, dor de cabeça e desidratação, envolveram crianças de 11 meses a 12 anos. Mesmo com a suspeita de que a manipulação incorreta de alimentos tenha ocasionado o problema, transferir os filhos da unidade de ensino não faz parte dos planos dos tutores.

A recepcionista Giovana Sochi Carollo, 21 anos, passou os últimos dias no Hospital e Maternidade Dr. Christóvão da Gama, acompanhando a filha Beatriz, 3. A menina, que foi internada no sábado e recebeu alta no fim da noite de terça-feira, entrou na escola em novembro do ano passado, onde fica meio período. Durante a tarde, se alimenta com lanche trazido de casa e, no início da noite, recebe jantar oferecido pelo colégio.

“Na noite de quinta-feira, ela começou a ter febre alta e, na madrugada de sexta-feira, reclamou de dor na barriga e vomitou”, lembra Giovana. Beatriz passou com pediatra, recebeu atendimento e voltou para casa, mas os sintomas não cessaram. “Levei ao Hospital Brasil e, em 20 minutos, chegaram uns seis alunos do colégio. Na triagem, a enfermeira falou que já havia passado por lá mais de 100 crianças da escola, que o hospital separou uma ala só para elas e que tinham 40 internadas”. Com a lotação, Beatriz foi transferida para o Christóvão da Gama na manhã de sábado. A menina está bem, de acordo com a mãe, e não está tomando mais nenhum remédio.

Giovana diz que tem total confiança na escola, até por ter passado nela a maior parte de sua vida. “Fui uma das primeiras alunas do colégio. Entrei aos 4 anos e fiquei até uns 14, 15. Sei do amor que os donos e funcionários têm pelos alunos e pretendo manter minha filha lá.”

O avô materno de Beatriz, Pedro Luiz Carollo, 57, com quem a criança mora, além da mãe, a avó e um tio, compartilha da opinião da filha. “Os donos da escola sempre foram zelosos e preocupados com as crianças. O que ocorreu foi uma fatalidade, que pode acontecer em qualquer lugar.”

O empresário Cássio Eduardo Barbosa, 37, também viveu dias de angústia com a filha de 12 anos, que ficou internada de sábado até terça-feira. Mas o episódio não abalou sua confiança. “Continuo confiando na direção do colégio. Acredito que esse fato foi uma fatalidade ou um descuido de algum funcionário. Com certeza a escola vai redobrar a atenção com a questão da higiene. Eles não podem errar novamente.”

Cai o número de crianças internadas

O número de crianças hospitalizadas caiu para 29 pacientes ontem, segundo nota enviada pela Secretaria de Saúde de Santo André. Desse total, apenas um aluno está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), o menino Caio Henrique Maria de Lima, 8 anos. O quadro da criança tem melhorado “a cada segundo”, de acordo com a tia Gabriela Vieira Maria, 26. “Hoje (ontem) ele caminhou pelo hospital com o fisioterapeuta. Os médicos ainda não disseram quando terá alta, mas minha irmã (mãe do garoto) suspeita que ficará mais uns dois dias na UTI”, conta.

Gabriela enfatiza que apesar da melhora no quadro de saúde do sobrinho, a família só ficará tranquila quando Caio sair do hospital. Se a criança será ou não mantida no Colégio Jatobá, a jovem diz que isso ainda não foi comentado entre os pais. “Mas acho que o Caio vai continuar sim. Ele adora a escola”, destacou.

O número de pacientes internados transmitido pela Prefeitura diverge do passado pela assessoria jurídica da instituição de ensino: até o fechamento desta edição, a informação era de dez estudantes. O surto de infecção intestinal já atingiu 56 alunos.

Na internet, a direção informa que o colégio abrirá na segunda-feira e haverá um cronograma de reposição de aulas.