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Prisao de policiais amplia atuaçao da CPI na regiao
Sérgio Saraiva
Da Redaçao
04/12/1999 | 16:46
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A CPI do Narcotráfico está abrindo nova frente de investigaçoes no Grande ABC a partir da prisao em flagrante de dois policiais da capital por receptaçao de uma carga de carne roubada. O local usado para estacionar o caminhao, em Sao Bernardo, foi usado para esconder, pelo menos, mais um veículo nas mesmas condiçoes e é apontado como ponto da rota do tráfico na regiao.

De acordo com o deputado Celso Russomano, sub-relator da CPI para a Grande Sao Paulo, o roubo de cargas é hoje a principal forma encontrada pelos traficantes para fazer caixa. Por isso, deve pedir a quebra de sigilo telefônico dos policiais presos. O primeiro fio da meada sobre a açao do crime organizado na regiao foi a denúncia do uso de um galpao de Santo André para estocar remédios roubados.

As investigaçoes sobre o caso já estao sendo acompanhadas pelo Grupo de Atuaçao Especial de Repressao e Prevençao da Lei Antitóxicos, o Gaerpa. "Nossa equipe vai entrar em açao assim que houver algum indício de que o caso está relacionado com o tráfico de drogas", disse o promotor William Terra.

Os policiais Marco Antônio Ozzioli e Celso Setuo Maruoka, do 42º DP de Sao Paulo, foram detidos pela Polícia Militar no dia 27 de novembro, quando conduziam um caminhao roubado com 13 toneladas de carne na via Anchieta. Acabaram presos em flagrante.

O Diário apurou que o local usado para estacionar o veículo, situado atrás de um lava-rápido na avenida Lions e próximo a alça de acesso à Anchieta, em Sao Bernardo, já foi utilizado antes com o mesmo fim. Em 10 de novembro, o caminhao VW 99 branco, placas HRO 4419, de Itaquiraí, MS, também roubado na Dutra, foi deixado no lava-rápido. Sua carga era carne, no valor de R$ 30 mil. O roubo foi registrado pelo motorista no 33º DP, de Pirituba.

Para o delegado que conduz as investigaçoes, Denis Castro, da 4ª Delegacia de Crimes Funcionais, da Capital, a semelhança entre os dois casos é uma evidência de que se trata de uma quadrilha especializada em roubo de carga. Aparentemente, os ladroes deixavam o roubo no local para ser recolhido pelos receptadores.

Outro indício de que os dois roubos estao relacionados é a presença de um terceiro homem no local no dia em que os policiais foram presos. Em 10 de novembro, foi ele quem levou o VW roubado, dizendo-se dono de um frigorífico. Em seu primeiro depoimento à polícia, o dono do lava-rápido, Ronaldo Jordao, disse que o mesmo homem acompanhava, em seu automóvel Tempra, um dos policiais no dia do flagrante. Eles teriam chegado juntos.

Uma nova versao foi apresentada ao delegado Castro por Jordao. Desta vez, o dono do lava-rápido disse que o motorista do Tempra apenas passou pelo local naquele dia, indo embora quando chegou Ozzioli, que estaria em um Chevette. Ozzioli e Maruoka defenderam-se, ao serem presos, dizendo que foram ao local apreender o veículo roubado com base na denúncia de um informante. Nao conseguiram explicar, no entanto, porque agiram fora de sua jurisdiçao e sem o conhecimento prévio de seus superiores.

A principal prova contra os dois é a localizaçao da nota fiscal da carga no bolso de Maruoka. Ao registrar queixa do roubo, o motorista Ézio Cardoso disse que a nota havia sido roubada junto com seus documentos. A segunda versao apresentada pelo dono do lava-rápido acabou, no entanto, beneficiando os policiais presos. "Ficamos sem a evidência de uma relaçao entre os investigadores e o homem do Tempra", disse Castro.




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